A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulgou, em seu segundo levantamento para a safra 2024/25, uma previsão histórica para a produção de grãos no Brasil. O volume estimado é de 322,53 milhões de toneladas, um aumento de 8,2% em relação ao ciclo anterior, o que equivale a um incremento de 24,6 milhões de toneladas.
De acordo com o relatório, o crescimento reflete tanto a expansão da área plantada, projetada para 81,4 milhões de hectares, quanto uma recuperação significativa na produtividade média das lavouras. Esses fatores combinados reforçam o papel estratégico do Brasil como líder mundial na produção de alimentos.
Análise por cultura
Um dos principais destaques é a produção de arroz, que deve apresentar aumento na área semeada, passando de 1,6 milhão de hectares na safra anterior para 1,77 milhão de hectares. Segundo o relatório Progresso de Safra, cerca de 65% dessa área já foi semeada nas regiões produtoras. Com uma produtividade estimada em 6.814 quilos por hectare, a produção total deverá superar 12 milhões de toneladas.
No caso do feijão, a Conab projeta uma recuperação na área cultivada de 3,6%, totalizando 892,3 mil hectares. Esse avanço permitirá uma produção de aproximadamente 991,6 mil toneladas, fundamental para atender à demanda interna e fortalecer o abastecimento nacional.
A soja, principal cultura do agronegócio brasileiro, deve registrar um aumento de 2,6% na área plantada, alcançando 47,36 milhões de hectares. Com uma produtividade média projetada 9,6% maior, a produção deverá atingir 166,14 milhões de toneladas.
No milho, a área cultivada permanece estável em 21 milhões de hectares, mas a produção total está estimada em 119,8 milhões de toneladas, sendo 22,8 milhões oriundas do primeiro ciclo, que já conta com 48,7% da área semeada. Já o trigo, com 79,4% da área já colhida, deve alcançar uma produção total de 8,11 milhões de toneladas.
Análise de especialistas
Especialistas destacam que esses números reforçam o protagonismo do setor agrícola brasileiro, mas também apontam para desafios significativos. Segundo Thays Moura, fundadora da empresa especializada na captação de recursos financeiros para produtores rurais e empresas do agro, o aumento da produção traz à tona a necessidade de um planejamento cuidadoso e de estratégias que garantam a sustentabilidade das propriedades rurais. Moura ressalta que, diante desse cenário, é crucial que os produtores tenham acesso a soluções que atendam às demandas crescentes por insumos e tecnologias.
“Os agricultores precisam estar preparados para atender às exigências de um mercado competitivo. Além disso, investimentos em tecnologia e boas práticas de manejo agrícola têm mostrado resultados positivos e devem continuar a ser prioridade”, afirma Moura.
Outro ponto destacado é a necessidade de estratégias que auxiliem os agricultores a mitigar riscos. Segundo a especialista, soluções como seguros agrícolas e contratos de venda futura são fundamentais para reduzir a vulnerabilidade dos produtores a oscilações de mercado e condições climáticas adversas.
Perspectivas e desafios para o setor
A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) também se manifestou sobre as projeções para o setor em 2025. De acordo com a entidade, o Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio poderá crescer cerca de 5% no próximo ano. Esse crescimento será impulsionado principalmente pelo aumento na produção primária e pela expansão das indústrias de insumos e da agroindústria exportadora. Contudo, a CNA alerta para desafios importantes, como a alta do dólar e das taxas de juros, que podem impactar diretamente os custos de produção.
As projeções da Conab e as análises de especialistas evidenciam que, além do crescimento produtivo, o Brasil precisará continuar investindo em inovação e infraestrutura para manter sua posição de destaque no cenário global. A adoção de práticas sustentáveis e a implementação de políticas públicas que favoreçam o setor serão essenciais para consolidar os avanços esperados.
