Nos primeiros meses de 2025, o mercado brasileiro de algodão registrou variações preocupantes nos preços da fibra, refletindo uma instabilidade que, para especialistas, está intimamente ligada à qualidade do produto. Em 14 de março de 2025, o indicador de precificação do algodão em pluma, conforme dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), alcançou 429,08 centavos R$/LP (equivalente a R$141,5 por arroba), marcando uma valorização de 1,95% em comparação com o mês anterior. Apesar dessa alta, especialistas do setor apontam que a qualidade da fibra está sendo comprometida por práticas inadequadas de armazenamento, principalmente em relação ao enfardamento.
De acordo com Bruno Rossafa, técnico em plasticultura e formado em Ciências Agrícolas, a escolha inadequada dos materiais para o enfardamento é um dos principais responsáveis pela deterioração da qualidade do algodão. “O uso de filmes plásticos de baixa qualidade, que não possuem aditivos eficientes, afeta a estrutura dos fardos ainda no campo. Isso permite que umidade e poeira entrem em contato com a fibra, comprometendo sua integridade e resultando em perdas econômicas diretas para o cotonicultor”, explica Rossafa. Essa deterioração pode afetar a reputação do algodão brasileiro, um dos produtos mais respeitados no mercado internacional.
A qualidade do material utilizado no enfardamento é essencial para garantir a integridade da fibra. Rossafa destaca que a proteção do algodão começa ainda na lavoura. “O armazenamento inadequado pode comprometer todo o investimento realizado no cultivo. O uso de plásticos de boa qualidade, como os feitos com matéria-prima virgem, garante maior resistência mecânica e vedação eficiente, protegendo o algodão de fatores externos como umidade e sujeira”, afirma o especialista.
Além disso, a umidade excessiva tem sido outro fator crítico para a preservação do algodão. O ideal é manter a umidade entre 6% e 8% durante o processo de enfardamento. Quando essa faixa não é respeitada, o risco de contaminação por fungos aumenta, o que pode resultar em coloração indesejada na fibra, como o amarelamento, um sinal claro de que houve problemas no armazenamento.
Organizações como a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) têm reforçado a necessidade de adoção de práticas mais eficazes para o armazenamento do algodão, como o uso de materiais de qualidade e a supervisão constante das condições dos fardos. “A fibra brasileira é altamente valorizada no mercado externo, mas para manter essa reputação, é essencial garantir que o algodão chegue ao beneficiamento sem contaminações ou danos”, aponta o especialista da área.
A adoção de novas tecnologias para o armazenamento também tem sido uma saída viável. A utilização de filmes plásticos de alta performance, desenvolvidos para garantir maior proteção da fibra, é uma solução eficaz para a preservação da qualidade do algodão. Segundo Rossafa, “os filmes plásticos de alta performance, oferece maior resistência mecânica e vedação contra intempéries, prevenindo a contaminação da fibra e reduzindo os riscos operacionais”.
Essa solução inovadora, fabricada com material 100% virgem, garante que o algodão permaneça em boas condições até o momento do beneficiamento. O uso de materiais mais resistentes também facilita a formação dos fardos e evita o comprometimento da qualidade da fibra, tanto no mercado nacional quanto internacional.
A preservação da qualidade do algodão é um ponto crucial para o Brasil, que é um dos maiores exportadores de fibra do mundo. As oscilações de preço e os desafios no armazenamento evidenciam a necessidade de melhorar as práticas de manejo e garantir que os produtores adotem soluções eficazes para minimizar os riscos de deterioração. O futuro do setor depende, portanto, de uma atenção redobrada à qualidade no armazenamento e no enfardamento, a fim de preservar a fibra e assegurar a competitividade do algodão brasileiro nos mercados globais.