A agricultura do futuro está se moldando através de práticas mais sustentáveis e ecologicamente responsáveis. O mercado agropecuário testemunha um movimento vigoroso rumo aos bioinsumos, uma alternativa eficaz aos agroquímicos, promovendo um cultivo saudável e mais alinhado com o meio ambiente.
No último período, um expressivo crescimento de 67% nas vendas de bioinsumos na safra de 2021/22 sinalizou uma fase de experimentação para os produtores. Essa transição é estimulada pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) como uma das soluções para a crise global de alimentos a longo prazo.
Os bioinsumos, microrganismos utilizados no controle de pragas e fungos, representam uma mudança fundamental. Enquanto os defensivos químicos são cada vez mais restringidos, os agentes biológicos não deixam resíduos nem geram passivos ambientais. Essa mudança impactante visa a redução dos produtos químicos, trazendo consigo benefícios ambientais inquestionáveis.
Eduardo Leite, engenheiro de bioprocessos, destaca a ampla gama de produtos biológicos no mercado. Segundo dados do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), 15 novos produtos biológicos foram registrados para a agricultura em 2023, consolidando o interesse crescente dos produtores. Hoje, o Brasil conta com mais de 100 matrizes fabricantes de bioinsumos registradas, com estados como São Paulo, Paraná e Minas Gerais liderando essa nova era.
Paralelamente, um mercado correlato, o da engenharia, também experimenta um significativo crescimento. Projetos concebidos para a utilização de agentes biológicos começam a surgir, rompendo com modelos industriais convencionais.
No entanto, o setor de insumos agrícolas biológicos carece de legislação específica. Projetos de lei na Câmara dos Deputados buscam preencher essa lacuna, evidenciando a evolução do setor e a necessidade de cautela. José Carlos Gerolin, diretor técnico de engenharia, enfatiza a importância da biossegurança e dos cuidados essenciais nesse contexto.
José Carlos Gerolin, ressalta que a introdução de agentes biológicos exige um novo padrão de sanitização, limpeza e segurança, distinto do utilizado para os agentes químicos.
Uma das tendências que ganha força é a produção “on farm”, na qual os bioinsumos são produzidos localmente. Essa prática, embora promissora, demanda atenção especial, uma vez que a produção sem o acompanhamento de um profissional habilitado pode apresentar riscos de contaminação, segundo José Carlos Gerolin.
Existem poucas empresas no Brasil com capacidade técnica para fornecer bioinsumos para produções “on farm”, o que torna imprescindível garantir etapas de proteção e segurança rigorosas. A busca por alternativas para produção “on farm” que assegurem a eficiência de uso é crucial para alcançar resultados confiáveis e seguros.
A evolução dos bioinsumos e da engenharia especializada no setor depende diretamente de avanços legislativos. O Ministério da Agricultura e Pecuária ainda trata os bioinsumos de maneira similar aos defensivos químicos, apesar da substancial diferença entre os dois produtos. Esse desafio regulatório se apresenta como uma das barreiras a serem superadas para a plena consolidação dos bioinsumos no mercado.