cotações de Comodities

Cotação do dollar

AVES x MERCADO ÁRABE

EXPORTAÇÕES DE FRANGO AQUECEM O MERCADO ÁRABE EM 2025 ENQUANTO DERIVADOS BOVINOS REGISTRAM QUEDA

Vendas brasileiras de carne de frango crescem quase 10% no primeiro trimestre com destaque para Arábia Saudita e Emirados; já a retração nos embarques de carne bovina e derivados acende alerta sobre efeitos sazonais como o Ramadã
Arábia Saudita mantém liderança nas importações de carne de frango brasileira, com Emirados Árabes Unidos e Iraque completando o topo do ranking no primeiro trimestre de 2025. Foto: Divulgação.

Em um cenário global cada vez mais sensível às questões sanitárias e de segurança alimentar, a carne de frango brasileira reforça seu protagonismo nos mercados árabes. Dados divulgados pela Câmara de Comércio Árabe-Brasileira apontam que, no primeiro trimestre de 2025, as exportações do produto cresceram 9,95% em valor, totalizando US$ 936,29 milhões, mantendo o ritmo de expansão registrado em 2024. A Arábia Saudita lidera as importações, com US$ 256,94 milhões, seguida pelos Emirados Árabes Unidos (US$ 224,50 milhões) e Iraque (US$ 98,76 milhões).

A valorização da tonelada exportada chamou atenção dos analistas. O preço médio do frango vendido à Arábia Saudita, por exemplo, subiu 19,47%, atingindo US$ 2.474,62. Nos Emirados, o aumento foi de 3,44%, com a tonelada negociada a US$ 2.041,84, enquanto no Iraque o valor cresceu 2,55%, chegando a US$ 2.189,32. Apesar de algumas quedas em volume, o ganho por tonelada compensou, elevando a receita total das exportações.

Mesmo com oscilações na quantidade embarcada – como a queda de 7,54% nas vendas aos Emirados e de 2,81% ao Iraque –, o saldo foi positivo. Ao todo, os 22 países árabes importaram 3,30% a mais em volume do Brasil, o que representa 453,59 mil toneladas de carne de frango.

Paralelamente, o desempenho dos derivados bovinos seguiu direção oposta. Após um ano de recordes históricos em 2024, o setor iniciou 2025 com retração. As vendas desses produtos para o mundo árabe caíram 12,02%, somando US$ 391,78 milhões. Ainda assim, alguns mercados resistiram à tendência de queda. A Argélia, por exemplo, ampliou suas compras em impressionantes 105,79%, alcançando US$ 113,93 milhões, consolidando-se como o principal destino na região. Arábia Saudita (US$ 64,58 milhões) e Egito (US$ 54,08 milhões) completam o topo do ranking.

Segundo Mohamad Mourad, secretário-geral da Câmara Árabe, a oscilação nos dados pode estar ligada ao calendário religioso islâmico. “É comum observar antes do Ramadã um movimento de formação de estoques. Durante o mês sagrado, o consumo se reorganiza, com jejum durante o dia e menor circulação de pessoas”, explica Mourad. Em 2025, o Ramadã começou mais cedo, em 28 de fevereiro, o que pode ter antecipado compras e reduzido os embarques durante o período.

Mourad reforça que essa dinâmica é recorrente. “As vendas costumam alcançar o pico cerca de cinco meses antes do Ramadã, caem durante o mês e se estabilizam posteriormente. Por isso, acreditamos que os embarques se recuperem nos próximos meses”, pontua.

Enquanto a pauta alimentar representa cerca de 75% do total exportado pelo Brasil aos países árabes, totalizando US$ 4,98 bilhões no trimestre (queda de 12,29% em relação ao mesmo período de 2024), a movimentação reforça o papel estratégico do agronegócio brasileiro. Em especial, os produtos de origem animal.

Esse protagonismo também encontra respaldo nas preocupações globais com zoonoses. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 75% das doenças infecciosas emergentes têm origem em animais. Neste cenário, a atuação da Medicina Veterinária ganha destaque, sobretudo pela abordagem da saúde única, que integra os cuidados com a saúde humana, animal e ambiental.

“Enquanto a Medicina Humana foca na cura, a Medicina Veterinária trabalha fortemente na prevenção. É ela quem atua antes da doença chegar às pessoas”, enfatiza a Dra. Greyce Lousana, presidente executiva da Sociedade Brasileira de Profissionais de Pesquisa Clínica. Para ela, os números das exportações também refletem essa preocupação sanitária e a confiança internacional na segurança dos alimentos produzidos no Brasil.

A análise do mercado árabe neste início de ano expõe não apenas tendências comerciais, mas revela a complexa teia que conecta saúde, cultura, religião, economia e diplomacia. O Brasil segue como fornecedor de confiança, adaptando-se aos ciclos de demanda e às exigências de qualidade e sanidade dos consumidores internacionais.

Deixe um comentário

ARTIGOS RELACIONADOS