Enquanto o El Niño ainda ecoa como uma memória preocupante para os agricultores brasileiros, uma nova ameaça se aproxima no horizonte: a chegada iminente de La Niña. Previsto para se manifestar a partir de julho, esse fenômeno climático promete desencadear sérios desafios para a produção agrícola nacional. Enquanto o Norte e o Nordeste podem esperar chuvas abundantes, o Sul enfrentará uma realidade de maior imprevisibilidade.
Especialistas alertam para a crescente inquietação no Sul do Brasil, onde uma prolongada estiagem prévia ao El Niño já deixou suas marcas. Agora, com a chegada do segundo semestre, os temores se voltam novamente para a possibilidade de escassez de chuvas.
João Rodrigo de Castro, meteorologista, adverte sobre os possíveis efeitos devastadores. “Outra situação com grande possibilidade de acontecer na primavera é a de episódios de frio mais intenso. Na agricultura, essa condição poderá afetar especialmente as culturas que estiverem na etapa de crescimento. As geadas tardias são uma verdadeira ameaça”, complementa.
Dados da ignitia apontam que em 2021, La Niña já havia exercido um impacto severo na agricultura nacional, especialmente no Sul, onde a estiagem prejudicou as produções de milho e soja. Países vizinhos, como Uruguai e Argentina, também enfrentaram crises hídricas e perdas significativas. O meteorologista ressalta que a dimensão do fenômeno deste ano ainda é incerta, mas se mantiver a mesma intensidade de três anos atrás, os prejuízos serão consideráveis.
Além do Sul, o Pantanal, particularmente a região sul do Mato Grosso, enfrenta desafios adicionais. O fim da estação chuvosa coincide com uma preocupante condição de seca, ampliando os riscos de degradação da vegetação e incêndios florestais.
Castro enfatiza a importância de ferramentas de inteligência climática para os agricultores, permitindo a prevenção e adoção de medidas adequadas diante das incertezas climáticas.
Entendendo as diferenças: El Niño versus La Niña
Enquanto o El Niño se caracteriza pelo aquecimento das águas do Pacífico, gerando chuvas intensas no Sul do Brasil e provocando secas no Norte, La Niña surge quando o Pacífico está ao menos 0,5ºC abaixo da média histórica, resultando em chuvas intensas no Norte e no Nordeste e estiagem no Sul.
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