As mudanças climáticas têm imposto novos desafios à agricultura. Entre os principais impactos, o excesso de chuvas em determinadas regiões e a estiagem prolongada em outras afetam diretamente a fertilidade do solo, colocando em risco a produtividade das lavouras e exigindo novas estratégias de manejo. Nesse cenário, fertilizantes organominerais surgem como uma alternativa técnica relevante para o equilíbrio nutricional do solo e o fortalecimento da estrutura física, química e biológica das áreas cultivadas.
De acordo com o engenheiro agrônomo e especialista em solos Alex Becker, a aplicação de fertilizantes organominerais representa um avanço em direção a uma agricultura mais equilibrada e regenerativa. “A principal vantagem é que estamos fornecendo à planta uma nutrição mais completa e gradativa, com a entrega contínua de 12 a 13 nutrientes essenciais ao longo de todo o ciclo produtivo”, explica Becker, que também atua como coordenador de pesquisa da área técnica especializada.
A composição desses fertilizantes combina matéria orgânica de origem natural com minerais essenciais, formando um composto que melhora a qualidade do solo em múltiplas dimensões. Segundo o especialista, os benefícios são percebidos tanto na capacidade de retenção de água quanto na maior disponibilidade de macro e micronutrientes. Isso é essencial para garantir o pleno desenvolvimento das culturas, especialmente em áreas que enfrentam variações climáticas intensas.
“A utilização dos organominerais atua diretamente na melhoria da estrutura física do solo, contribuindo para a porosidade, densidade e enraizamento das plantas”, destaca Becker. Ele reforça que esse tipo de manejo também estimula a atividade biológica, favorecendo a atuação dos micro-organismos benéficos. “A vida no solo é potencializada, o que tem reflexos diretos na produtividade e na sustentabilidade da lavoura”, completa.
A atuação desse tipo de insumo vai além da nutrição imediata. Por agir como condicionador do solo, a matéria orgânica presente nos organominerais reduz a lixiviação de nutrientes, como o nitrogênio, impedindo perdas excessivas que costumam ocorrer em fertilizantes convencionais. Essa retenção estratégica garante uma eficiência maior por hectare aplicado.
Outro ponto destacado por Becker é o caráter ambientalmente responsável do processo: “A matéria-prima orgânica utilizada é a cama de aves, resíduo da indústria avícola. Ao utilizarmos esse resíduo para produzir fertilizantes que depois serão aplicados em lavouras de milho, soja, café ou hortaliças, por exemplo, estamos inseridos em um modelo de agricultura circular, que retorna valor ao sistema produtivo”, analisa o especialista.
Esse ciclo sustentável fortalece a chamada agricultura regenerativa, ao mesmo tempo em que contribui para a eficiência do uso dos insumos agrícolas. Para Becker, a adoção de práticas que promovem equilíbrio nutricional e saúde do solo está cada vez mais alinhada aos conceitos de ESG e às exigências de consumidores conscientes, além de ser uma necessidade frente às variações climáticas globais.
No campo da pesquisa e desenvolvimento, as formulações avançam. Hoje, segundo Becker, há cerca de 30 composições distintas de fertilizantes organominerais, capazes de atender a diferentes culturas e sistemas produtivos. Do cereal à fruticultura, passando por hortaliças e cana-de-açúcar, o especialista afirma que cada cultura encontra uma resposta eficiente no uso da combinação organomineral, com ganhos consistentes em produtividade e sustentabilidade agronômica.
“Cada solo tem uma realidade específica, e os fertilizantes organominerais permitem versatilidade e adaptação para esses diferentes cenários, tanto em grandes áreas quanto em pequenas propriedades rurais”, observa Becker. Ele reforça que o foco principal deve sempre estar na melhoria contínua do solo, que é o verdadeiro ativo da agricultura.
As discussões sobre fertilidade e manejo do solo têm ganhado relevância, especialmente diante das projeções climáticas que indicam aumento na frequência de eventos extremos, como secas severas e tempestades intensas. Nesse contexto, práticas que favorecem a retenção de água e a estruturação do solo, como o uso de compostos orgânicos combinados, tornam-se indispensáveis para resiliência das lavouras.
Ao final, a mensagem deixada pelo especialista é clara: cuidar do solo é assegurar o futuro da produção agrícola. “A tecnologia precisa estar a serviço da natureza e do agricultor. Quando nutrimos o solo com inteligência, devolvemos à terra sua capacidade de regenerar, sustentar e produzir de forma eficiente e responsável”, conclui Alex Becker.