O aumento de 9,16% na incidência de greening (huanglongbing/HLB) em 2022 em relação ao ano anterior trouxe alerta para os citricultores brasileiros. O Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus) divulgou os números preocupantes, evidenciando o desafio enfrentado pelo setor diante de uma das principais doenças que atingem o cinturão citrícola de São Paulo e Triângulo/Sudoeste Mineiro. Nesse cenário, produtores buscam alternativas para combater o psilídeo, o inseto transmissor do greening, e, além das já conhecidas ferramentas de controle químico e biológico, uma nova esperança surge na forma do fungo Beauveria bassiana.
O engenheiro agrônomo Fernando Bonafé Sei, explica que, após a instalação do greening em uma planta, a única alternativa para o citricultor é erradicá-la. Por essa razão, o combate ao psilídeo torna-se uma prioridade e a biotecnologia tem desempenhado um papel promissor nesse campo.
O fungo Beauveria bassiana tem se mostrado um agente de controle natural eficaz contra várias espécies de pragas, incluindo o psilídeo. Sua utilização estimulou a indústria de biológicos a investir em produtos baseados nesse fungo.
O Beauveria bassiana é naturalmente presente em diversos solos e ecossistemas, o que facilita sua utilização e produção como biodefensivo. Essa cepa específica de Beauveria bassiana foi isolada pela Embrapa Florestas em colaboração com instituição privada e o produto é formulado com base em óleo vegetal emulsionado, proporcionando facilidade de aplicação, alta compatibilidade de calda e proteção dos esporos. A solução demonstrou eficiência de controle acima de 70% com dose de 0,5 litros por hectare (L/ha).
Espécies de fungo como o Beauveria bassiana são amplamente estudadas com o objetivo de desenvolver pesticidas biológicos para o controle de vários insetos pragas. Essa abordagem inovadora traz esperança aos citricultores que enfrentam o desafio constante do greening, permitindo a adoção de estratégias mais sustentáveis e menos agressivas ao meio ambiente.
Com a ajuda do Beauveria bassiana, os citricultores têm uma nova aliada para combater o psilídeo, um passo importante para garantir a saúde das lavouras e a produção de frutas cítricas de qualidade. Em um momento favorável para o início do controle do psilídeo, as soluções biotecnológicas oferecem perspectivas promissoras para a indústria, permitindo que o setor possa colher os frutos de uma produção mais robusta e rentável. Nesta safra (2022/23), a estimativa é de uma produção de 316,2 milhões de caixas de frutas cítricas no cinturão citrícola de São Paulo e Minas Gerais, representando um crescimento significativo em relação à safra anterior. Com a esperança depositada nos fungos e nas soluções biotecnológicas, os produtores de citros vislumbram um futuro mais promissor e resistente às ameaças fitossanitárias.