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CONTROLE DE PRAGAS

Fungos como solução para o controle biológico do Moleque-da-Bananeira: Alternativa sustentável e eficiente para a agricultura

Pesquisa de mestrado na Universidade Tiradentes investiga o uso de fungos entomopatogênicos para combater uma das pragas mais destrutivas da cultura da banana, com o potencial de reduzir a aplicação de agrotóxicos e proteger a saúde ambiental.
A pesquisa tem o potencial de transformar a forma como os produtores lidam com o moleque-da-bananeira, especialmente em regiões produtoras de banana no Brasil. Foto: Divulgação UNIT

A praga conhecida como moleque-da-bananeira (Cosmopolites sordidus) é um verdadeiro desafio para os produtores de banana no Brasil, onde a cultura é uma das mais importantes do setor agrícola. Seus ataques, muitas vezes silenciosos, podem causar danos devastadores, com perdas de produtividade que variam de 30% a até 80% em algumas variedades. No entanto, uma solução inovadora está sendo testada no estado de Sergipe, onde cientistas estão explorando o uso de fungos entomopatogênicos como um método eficaz e sustentável para o controle biológico dessa praga, sem recorrer ao uso de agrotóxicos.

A pesquisa, que está sendo conduzida por Lucas Jefferson Santos Barboza, mestrando do Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia Industrial (PBI) da Universidade Tiradentes (Unit), sob orientação do professor Marcelo da Costa Mendonça, busca identificar e otimizar fungos que causam doenças nos insetos responsáveis pela infestação das bananeiras. Ao invés de recorrer a produtos químicos, essa abordagem aproveita ferramentas fornecidas pela natureza para controlar a população do moleque-da-bananeira, com o benefício de reduzir impactos ambientais e proteger a saúde dos trabalhadores rurais.

Como o Moleque-da-Bananeira prejudica a produção de bananas?

O moleque-da-bananeira é um besouro de cor preta que, ao se alimentar do rizoma das bananeiras, causa danos estruturais profundos na planta. A fêmea deposita seus ovos no rizoma, onde eclodem as larvas, que abrem galerias na planta e tornam a cultura vulnerável à entrada de patógenos. Esse processo enfraquece as plantas, que podem morrer ou sofrer com a morte da gema apical, prejudicando o crescimento e a produção. O resultado? Bananas menores, cachos mais leves, ou até a completa ausência de frutificação, o que gera enormes prejuízos econômicos para os produtores.

“Os danos são visíveis nas plantas, como folhas amareladas e secas, e nas bananas, que se tornam fora do padrão comercial”, explica o professor Marcelo Mendonça, coordenador da pesquisa. O moleque-da-bananeira atinge praticamente todas as variedades de bananas e sua incidência é mundial, afetando a produção em diversos países, incluindo o Brasil, um dos maiores produtores de bananas do mundo.

A pesquisa: Fungos como arma contra a praga

Iniciada há pouco mais de um ano e meio, a pesquisa começou após um pequeno agricultor de Sergipe, localizado no povoado Adique, procurar o professor Marcelo Mendonça para buscar uma solução para a infestação de moleque-da-bananeira em seu bananal. O estudo foi conduzido nos laboratórios da Universidade Tiradentes, Instituto de Tecnologia e Pesquisa (ITP) e da Empresa de Desenvolvimento Agropecuário de Sergipe (Emdagro), com foco na seleção de fungos entomopatogênicos — fungos que atacam insetos.

A primeira fase da pesquisa envolveu a coleta de besouros no sítio do agricultor e a análise dos fungos presentes no banco de microrganismos do LCBiotec. Um desses fungos foi capaz de matar 100% dos besouros em laboratório. Com base nesse resultado, a pesquisa seguiu para as próximas etapas, que definiram a melhor estrutura física do fungo e a concentração letal média necessária para uma aplicação eficaz.

Atualmente, a pesquisa se encontra na quarta fase, onde a forma de aplicação do fungo está sendo testada em uma estufa agrícola. A expectativa é que, ao ser aplicado, o fungo infecte os besouros e, por meio de seu comportamento social, seja transmitido para outros indivíduos, controlando efetivamente a população de moleque-da-bananeira.

Benefícios ambientais e econômicos da pesquisa

Além de seu potencial para reduzir as perdas na produção de bananas, o controle biológico do moleque-da-bananeira com fungos traz inúmeros benefícios ambientais. A utilização de métodos naturais evita o uso de agrotóxicos, que podem contaminar o solo, a água e os próprios frutos, além de prejudicar a saúde dos trabalhadores rurais. Com a crescente preocupação sobre os efeitos dos produtos químicos na agricultura, a pesquisa segue a tendência mundial de buscar soluções mais sustentáveis e ecológicas.

Lucas Jefferson Santos Barboza, que está à frente da dissertação de mestrado, destaca que a pesquisa não apenas contribui para o controle de uma praga devastadora, mas também promove um avanço nas práticas agrícolas. “O uso de fungos entomopatogênicos oferece uma alternativa sustentável e segura para o controle de pragas, ajudando na redução do uso de pesticidas e preservando a saúde do meio ambiente”, explica.

Além disso, a pesquisa tem um impacto direto no setor de agricultura orgânica, onde o uso de pesticidas químicos é restrito. Para os produtores de bananas orgânicas, essa inovação oferece uma solução eficaz para proteger suas lavouras sem comprometer as exigências de produção limpa e livre de substâncias químicas.

A pesquisa tem o potencial de transformar a forma como os produtores lidam com o moleque-da-bananeira, especialmente em regiões produtoras de banana no Brasil. Uma vez concluída e aprovada pelas instâncias regulatórias, a tecnologia poderá ser aplicada em grande escala, oferecendo uma solução acessível e eficaz para agricultores de diferentes portes. O professor Mendonça ressalta que a pesquisa visa atender tanto pequenos produtores quanto grandes produtores de banana, orgânicos ou convencionais, ampliando o impacto positivo da descoberta.

Com o avanço do estudo, a expectativa é que os fungos selecionados possam ser produzidos em larga escala por empresas de bioinsumos agrícolas, tornando a tecnologia disponível para todos os produtores, oferecendo uma alternativa real para o controle de uma das pragas mais prejudiciais à produção de bananas.

O uso de fungos entomopatogênicos para o controle do moleque-da-bananeira representa uma revolução no setor agrícola, alinhando-se às novas demandas por soluções ecológicas, eficazes e sustentáveis. A pesquisa em Sergipe não só proporciona um controle natural e eficiente para a praga, mas também contribui para a preservação do meio ambiente e a saúde dos trabalhadores. Esse avanço promete beneficiar não apenas a produção de bananas no Brasil, mas também a agricultura mundial, oferecendo uma alternativa inovadora que pode transformar o futuro das lavouras e a forma como os produtores enfrentam as pragas agrícolas.

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