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Exportações de suco de laranja caem 26%, mas receita sobe 43% em meio à preocupação com consumo

Com a restrição de oferta impulsionando os preços, o mercado enfrenta desafios com a queda no consumo, especialmente em grandes mercados como Europa e EUA, enquanto a valorização sustenta as receitas.

As exportações brasileiras de suco de laranja concentrado (FCOJ, equivalente a 66 Brix) enfrentaram uma redução significativa no volume exportado no primeiro trimestre da safra 2024/2025, totalizando 198.107 toneladas, uma queda de 26,73% em comparação às 270.361 toneladas no mesmo período da safra anterior. Mesmo assim, o faturamento apresentou uma alta expressiva de 43,23%, atingindo US$ 850,4 milhões, frente aos US$ 593,7 milhões do ano anterior. Esses dados foram divulgados pela Secretaria de Comércio Exterior, com compilação realizada pela CitrusBR.

Ibiapaba Netto, diretor-executivo da CitrusBR, destacou que a elevação no valor do produto está diretamente relacionada a restrições climáticas que impactam as últimas cinco safras. “Estamos vivenciando um cenário de oferta reduzida, que aumentou o preço do suco de laranja no mercado global, mas também gerou preocupações quanto ao impacto no consumo”, afirmou Netto.

Durante o Juice Summit, realizado em Antuérpia, Bélgica, Netto participou de discussões que abordaram a queda nas vendas e as dificuldades enfrentadas pelas indústrias em absorver o aumento de custos. “A principal preocupação é a redução da demanda, agravada pelo encarecimento da matéria-prima. A oferta limitada tem feito o suco perder espaço nas gôndolas de supermercados, o que acaba favorecendo produtos alternativos como néctares, que contêm apenas 50% de suco.”

Desempenho nos principais mercados

A Europa continua sendo o maior destino do suco de laranja brasileiro, com 115.398 toneladas exportadas no período. Entretanto, o volume representa uma queda de 30,5% em relação às 166.030 toneladas do mesmo trimestre do ano anterior. Em contraste, o faturamento aumentou 42,51%, atingindo US$ 511,2 milhões. O USDA relatou que o consumo de suco de laranja no continente europeu caiu 0,23% na safra anterior, refletindo o impacto dos altos preços no comportamento dos consumidores.

Nos Estados Unidos, o cenário é semelhante. Houve uma redução de 19,53% no volume exportado, com um total de 67.323 toneladas. No entanto, o valor das exportações subiu 39,28%, alcançando US$ 264,5 milhões. Segundo um relatório da consultoria Nielsen, o mercado americano registrou uma queda de 8,4% nas vendas de suco de laranja no varejo, enquanto o preço da bebida subiu 9,2%. “As empresas têm encontrado dificuldades em manter o suco de laranja puro nas prateleiras devido à escalada dos preços”, comentou Netto.

No Japão, o volume de exportações também apresentou retração, caindo 1,11% em comparação ao ano anterior, com 5.090 toneladas embarcadas. Apesar disso, o faturamento deu um salto de 120,18%, chegando a US$ 25,1 milhões, impulsionado pelo aumento dos preços no mercado asiático.

Já a China, outro grande mercado, viu suas importações de suco de laranja caírem 26,26%, passando de 8.262 toneladas para 6.092 toneladas. No entanto, o valor das exportações aumentou significativamente, com alta de 75,93%, totalizando US$ 28,5 milhões. Esse crescimento no faturamento reforça a tendência global de elevação nos preços, mesmo com a queda no consumo.

Reflexos globais e preocupações com o futuro

Os números evidenciam a complexidade do cenário enfrentado pelo mercado de suco de laranja. A queda no consumo e o aumento nos preços colocam em risco a sustentabilidade da cadeia produtiva a longo prazo. “É essencial que as indústrias e o mercado como um todo repensem suas estratégias para equilibrar oferta, demanda e preços, de modo a garantir que o produto continue acessível aos consumidores”, pontuou Netto.

O alerta acende para o fato de que a oferta restrita de suco de laranja pode afetar não apenas o consumo imediato, mas também o comportamento de longo prazo do consumidor, especialmente em mercados-chave como a Europa e os Estados Unidos, onde as alternativas ao suco puro ganham força nas prateleiras.

As projeções para o restante da safra indicam que os desafios devem persistir, especialmente diante da volatilidade climática e das dificuldades enfrentadas pelas indústrias em adaptar-se aos altos custos da matéria-prima.

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