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SANIDADE ANIMAL

Alerta da Influenza Aviária: Por que o Brasil precisa reforçar o investimento na defesa agropecuária?

O surto de H5N9 nos Estados Unidos reacende a necessidade de reforçar a estrutura de fiscalização no Brasil, fortalecer sua infraestrutura sanitária e investir em profissionais qualificados para manter a segurança da avicultura e sustentar sua liderança no mercado global de frango.
Os pesquisadores alertam sobre o risco de uma nova epidemia ou pandemia de influenza aviária, o que reforça ainda mais a necessidade de uma defesa agropecuária robusta no Brasil. Foto: Divulgação.

O recente surto de influenza aviária H5N9 nos Estados Unidos reacendeu um importante alerta para o Brasil: a necessidade urgente de fortalecer a defesa agropecuária, especialmente para a avicultura. A doença, altamente contagiosa e com impactos devastadores, acende o sinal vermelho para o setor brasileiro, um dos maiores exportadores de frango do mundo, responsável por mais de 30% das exportações globais da proteína animal.

Em 2024, o Brasil alcançou um recorde histórico de 5,294 milhões de toneladas de carne de frango exportadas, um crescimento de 3% em relação ao ano anterior, destacando a importância do mercado externo para a economia nacional. Os principais destinos dessa carne foram a China, os Emirados Árabes Unidos e o Japão, consolidando o país como um líder no comércio internacional de frango. No entanto, para manter essa posição de destaque, é fundamental que o Brasil invista na defesa agropecuária e esteja preparado para combater eventuais surtos de doenças como a influenza aviária.

Embora a doença tenha chegado ao Brasil em 2024, ela afetou principalmente pequenas criações de subsistência e não atingiu as granjas comerciais, graças ao robusto sistema de biossegurança implementado nas grandes produções. O controle rígido realizado pelas empresas e pelas autoridades, incluindo os auditores fiscais federais agropecuários, tem sido eficaz em garantir a segurança sanitária das granjas. Henrique Pedro Dias, diretor de Política Profissional do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais Federais Agropecuários (Anffa Sindical), explica que a rede de detecção no Brasil é rápida e eficiente. “A vigilância é efetiva e isso garante a segurança da nossa produção”, afirmou Dias.

No entanto, o Brasil enfrenta um desafio crescente: a falta de profissionais na carreira de auditores fiscais, o que compromete a capacidade do país em responder adequadamente a surtos sanitários. Atualmente, o número de servidores está muito abaixo do necessário para atender à crescente demanda, e a aposentadoria iminente de mais de 1,2 mil auditores agrava ainda mais essa lacuna. Como Dias destacou, a reposição de 200 profissionais é insuficiente para cobrir a necessidade atual, o que coloca em risco a capacidade de fiscalização e a eficiência do sistema de defesa agropecuária brasileiro.

Outro ponto crítico é a falta de investimentos em infraestrutura e equipamentos essenciais para o trabalho de fiscalização. “Faltam uniformes, veículos, equipamentos e orçamento para a execução das atividades”, enfatizou Dias, lembrando que, além da carência de recursos humanos, a falta de estrutura compromete a eficácia do sistema de defesa agropecuária, essencial para a proteção do setor. A crescente demanda por produtos agropecuários e a intensificação das exportações requerem um fortalecimento urgente da rede de vigilância sanitária.

A influenza aviária H5N9, que pode ser transmitida por aves migratórias, representa um grande risco para o Brasil, considerando a possibilidade de a doença ser introduzida no país por essas aves. A chegada do vírus não só ameaça a saúde pública e a avicultura nacional, mas também coloca em risco as exportações, como demonstrado por países que enfrentaram surtos de influenza aviária e registraram prejuízos bilionários. O impacto pode ser ainda mais grave se o vírus atingir outras espécies, como vacas de leite, como já ocorreu nos Estados Unidos, ou até mesmo humanos.

Os pesquisadores alertam sobre o risco de uma nova epidemia ou pandemia de influenza aviária, o que reforça ainda mais a necessidade de uma defesa agropecuária robusta no Brasil. “Quando se deixa os controles apenas para as empresas, sem uma estrutura adequada de fiscalização, há o risco de ocultação de casos de mortalidade, o que pode afetar o mercado e as exportações”, alerta Dias. Isso, em curto prazo, representa um grande risco para as empresas e, em médio e longo prazo, ameaça a confiança no sistema de defesa agropecuária do país.

Por isso, a Associação Nacional dos Auditores Fiscais Federais Agropecuários (Anffa) defende, de forma enfática, a recomposição urgente do quadro de auditores fiscais, por meio da abertura de concursos públicos, além de investimentos em tecnologia, equipamentos e infraestrutura. Apenas com uma estrutura de fiscalização sólida e bem equipada será possível proteger a avicultura brasileira e garantir a continuidade de sua posição de protagonismo global, com segurança sanitária e sustentabilidade econômica.

O fortalecimento da defesa agropecuária não é apenas uma questão de saúde pública ou de segurança alimentar, mas também um fator determinante para a manutenção do status de exportador do Brasil, que depende da confiança dos mercados internacionais. O futuro da avicultura brasileira, e de toda a economia agropecuária do país, está diretamente ligado à capacidade de o Brasil investir em uma fiscalização eficiente e preparada para os desafios que surgem no cenário global.

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