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PECUÁRIA DE CORTE

Confinamento bovino exige atenção redobrada na fase de entrada: Manejo sanitário define sucesso do rebanho

Prevenção, protocolos vacinais e estratégias de adaptação são cruciais no período inicial do confinamento, quando os animais enfrentam os maiores desafios sanitários, nutricionais e imunológicos.
Entre os principais riscos enfrentados nessa etapa está a Doença Respiratória Bovina (DRB), um dos problemas sanitários mais frequentes e impactantes em sistemas de confinamento. Fotos: Divulgação.

Com a intensificação da pecuária de corte e os impactos da estiagem na disponibilidade de pastagem, o confinamento tem se consolidado como alternativa estratégica para garantir produtividade e rentabilidade na bovinocultura brasileira. De acordo com estudo recente, estima-se um crescimento de 6,5% no número de bovinos confinados em 2025, totalizando cerca de 7,37 milhões de cabeças manejadas nesse sistema intensivo de criação. Mas o sucesso dessa operação depende, sobretudo, de como os animais são introduzidos nesse novo ambiente.

A fase de entrada no confinamento é considerada uma das mais delicadas para a saúde e o desempenho dos bovinos. Nesse momento, os animais enfrentam uma série de mudanças simultâneas: o estresse causado pelo transporte, a transição alimentar, o contato com novos indivíduos e, especialmente, a exposição a diferentes agentes infecciosos. Essas alterações impactam diretamente o sistema imunológico dos bovinos, tornando-os mais suscetíveis a doenças.

“Os animais chegam ao confinamento após passarem por deslocamentos, mudanças de dieta e contato com patógenos desconhecidos. Esse estresse pode comprometer a imunidade e desencadear desafios sanitários importantes”, explica Daniel César Miranda, médico-veterinário e gerente de Produto de Ruminantes. Segundo ele, esse é o momento em que o pecuarista deve priorizar protocolos sanitários bem definidos, com foco na prevenção e na adaptação gradual dos animais.

Entre os principais riscos enfrentados nessa etapa está a Doença Respiratória Bovina (DRB), um dos problemas sanitários mais frequentes e impactantes em sistemas de confinamento. Trata-se de um conjunto de infecções respiratórias causadas por vírus e bactérias, capazes de comprometer severamente o ganho de peso e a eficiência produtiva dos bovinos. “Estudos indicam que metade dos casos de DRB não são diagnosticados antes da morte do animal. Isso representa uma perda direta de até 50% no lucro do produtor²”, alerta Miranda.

Esse dado evidencia a importância de ações preventivas, principalmente nas primeiras semanas após a entrada no confinamento, período em que os desafios nutricionais, imunológicos e sanitários se intensificam. De acordo com o especialista, o cumprimento rigoroso dos esquemas vacinais recomendados é essencial para minimizar os riscos e garantir que os animais se adaptem de forma saudável ao sistema.

Além da DRB, o confinamento também exige atenção quanto às doenças parasitárias, como carrapatos, verminoses gastrointestinais e pulmonares, que afetam diretamente a conversão alimentar e o desempenho dos animais. A combinação entre manejo sanitário eficiente, nutrição adequada e ambiente controlado é a chave para resultados consistentes.

“A implementação de estratégias sanitárias bem planejadas reduz significativamente os índices de morbidade e mortalidade no confinamento. Animais saudáveis respondem melhor à alimentação, ao manejo e aos estímulos de crescimento, apresentando maior eficiência produtiva e menor necessidade de intervenções curativas”, complementa Miranda.

O confinamento, quando bem conduzido, permite ganhos expressivos em produtividade. No entanto, o início do processo requer um olhar técnico e cuidadoso por parte dos produtores e profissionais envolvidos. Investir na saúde dos animais desde o primeiro dia não é apenas uma medida de bem-estar, mas uma estratégia inteligente para garantir desempenho e sustentabilidade econômica.

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