A piscicultura brasileira tem experimentado um avanço significativo, impulsionada pela valorização de espécies nativas como pirarucu, tambaqui e pintado. Com uma das maiores bacias hidrográficas do mundo, abrangendo cerca de 12% da água doce superficial do planeta, o Brasil desponta como um líder em potencial no mercado de peixes nativos, equilibrando desenvolvimento econômico e sustentabilidade ambiental.
“Trabalhamos incansavelmente para garantir que nossas práticas sejam responsáveis e sustentáveis. O pirarucu, por exemplo, é uma espécie que já foi muito ameaçada pela pesca predatória. Hoje, com o manejo adequado, conseguimos garantir que o mercado tenha peixes de alta qualidade sem colocar em risco a biodiversidade local”, afirma José Miguel Saud, fundador da empresa de piscicultura.
O sucesso na piscicultura de espécies nativas depende de uma compreensão profunda dos ecossistemas aquáticos. José Miguel Saud enfatiza que a água é o recurso mais crítico, exigindo monitoramento constante de parâmetros como oxigênio e salinidade. Outro ponto essencial é a alimentação balanceada dos peixes, que não apenas evita desperdícios, mas também minimiza os impactos ambientais.
A piscicultura, do sr. José Miguel, se destaca pela adoção de tecnologias avançadas, incluindo sistemas de recirculação de água (SRA), que reduzem até 90% do consumo de água, segundo um estudo publicado na revista Aquaculture. Esses sistemas funcionam ao tratar e reutilizar a mesma água em um ciclo contínuo, removendo resíduos orgânicos e ajustando parâmetros como pH e oxigênio, garantindo um ambiente ideal para os peixes enquanto minimizam o desperdício de recursos hídricos. Além disso, a utilização de rações formuladas com ingredientes sustentáveis, como algas e insetos, tem contribuído para diminuir a pegada ecológica do setor. “Esse tipo de tecnologia ajuda a reduzir a pressão sobre os ecossistemas naturais, além de ser mais econômico para os produtores”, explica Saud.
Colaborações para preservação
Uma das estratégias centrais da Piscicultura Boa Sorte é a formação de parcerias com universidades, ONGs e órgãos ambientais. Esses projetos colaborativos visam reabilitar espécies ameaçadas e desenvolver novos métodos de manejo que favoreçam a preservação da biodiversidade. Um exemplo notável é a parceria com a Universidade Federal do Amazonas, que conduz estudos sobre o manejo do pirarucu em sistemas controlados, resultando em um aumento de 30% na taxa de sobrevivência dessa espécie em cativeiro. Além disso, a colaboração com uma ONG local tem permitido a criação de áreas de soltura monitoradas para o tambaqui, garantindo a reposição de populações naturais em rios críticos. Esses esforços têm demonstrado resultados positivos, como a estabilização de populações anteriormente em declínio e a melhoria da qualidade dos ecossistemas aquáticos envolvidos. “Estamos colaborando com universidades e entidades para estudar novas formas de manejo que melhorem a qualidade da água nos nossos sistemas e favoreçam a preservação das espécies”, destaca Saud.
Estudos da Food and Agriculture Organization (FAO) reforçam que a piscicultura de peixes nativos é mais eficiente no uso de recursos naturais em comparação à criação de espécies exóticas ou à captura de peixes selvagens. Essa eficiência, aliada à crescente demanda por produtos sustentáveis em mercados internacionais, como União Europeia e Estados Unidos, destaca o Brasil como um player importante nesse segmento.
Tendências globais e oportunidades locais
A piscicultura de peixes nativos está alinhada com a tendência global de consumo consciente. Um exemplo claro é o mercado europeu, onde a preferência por alimentos sustentáveis cresce exponencialmente. Iniciativas como o uso de sistemas de recirculação de água e rações à base de algas têm inspirado produtores de outros países, reforçando o papel do Brasil como referência nessa área. O pirarucu, por exemplo, é valorizado não apenas por sua qualidade, mas também por ser um exemplo de produção que não agride o meio ambiente. José Miguel Saud, enfatiza que é possível transformar a piscicultura em um motor de desenvolvimento econômico sem comprometer os recursos naturais. “A preservação da fauna aquática brasileira não deve ser vista apenas como uma responsabilidade, mas como uma oportunidade de gerar negócios e empregos com foco no bem-estar do planeta”, conclui.
Com iniciativas como essas, o Brasil tem a chance de liderar o mercado global de piscicultura sustentável, unindo inovação, responsabilidade ambiental e crescimento econômico.