O Ceará obteve um novo reconhecimento para sua produção agropecuária. O mel de aroeira dos Inhamuns, originário dos municípios de Aiuaba, Arneiroz, Parambu, Quiterianópolis e Tauá, recebeu nesta terça-feira (11) o selo de Indicação Geográfica (IG) na modalidade Indicação de Procedência (IP), concedido pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). O reconhecimento destaca a autenticidade e a relevância dessa produção para a região e para o país.
Com essa certificação, o Brasil passa a contar com 130 IGs, sendo 101 classificadas como Indicações de Procedência e 29 como Denominações de Origem. O mel de aroeira dos Inhamuns é o oitavo produto do segmento de mel e própolis a obter essa certificação, reafirmando a importância do setor apícola para a economia local e nacional.
Produção singular e tradição histórica
O mel de aroeira apresenta características diferenciadas devido às condições ambientais e ao manejo dos produtores da região. Sua produção ocorre durante a estiagem, quando a oferta de outras floradas diminui. A resistência da aroeira à seca permite que suas flores permaneçam disponíveis para as abelhas, resultando na produção de um mel monofloral de alta pureza, coloração âmbar escuro e elevado teor de compostos fenólicos. Além disso, esse mel tem baixa tendência à cristalização, característica relevante para sua preservação e consumo.
Os primeiros registros documentados da apicultura na região dos Inhamuns datam da década de 1980, mas há indícios de que o mel já era explorado de maneira artesanal muito antes, sendo utilizado como adoçante natural pela população local. A partir de 2001, a criação de abelhas africanizadas consolidou-se como uma das principais atividades econômicas do território, proporcionando desenvolvimento para pequenos produtores e diversificação da economia rural.
Impacto do reconhecimento e perspectivas para o setor
O selo de Indicação Geográfica é um marco para os apicultores do semiárido nordestino. De acordo com Hulda Giesbrecht, coordenadora de Tecnologias Portadoras de Futuro, a certificação confere maior reconhecimento à produção e fortalece sua identidade territorial. “O mel de aroeira dos Inhamuns já possui uma reputação consolidada, sendo comercializado dentro e fora do Brasil. A certificação reforça a autenticidade do produto e sua vinculação com a região de origem, garantindo o reconhecimento de suas características específicas”, explica a especialista.
A obtenção da IG resulta de um trabalho desenvolvido desde 2020 para identificar e valorizar produtos regionais com potencial de certificação. “O reconhecimento oficial é fruto do empenho de pequenos produtores que preservam a tradição e adotam práticas que garantem a qualidade e a rastreabilidade do produto”, acrescenta Giesbrecht.
Indicações Geográficas: um instrumento de valorização territorial
As Indicações Geográficas têm um papel central na preservação de produtos tradicionais associados a regiões específicas. Elas asseguram a identidade cultural e a rastreabilidade da produção, além de estabelecer critérios técnicos que garantem a qualidade. No caso do mel de aroeira dos Inhamuns, o reconhecimento da IG reforça sua autenticidade e sua importância histórica e ambiental.
Com a certificação, espera-se um fortalecimento do setor apícola na região, incentivando a organização dos produtores e a adoção de boas práticas produtivas. O selo de IG diferencia o mel dos Inhamuns no contexto nacional e internacional, destacando a relevância das certificações como estratégia de proteção e valorização dos produtos agropecuários brasileiros.