Apesar de representar apenas 8,2% das queimadas no bioma Cerrado, Goiás está enfrentando perdas significativas em sua produção agrícola. Um relatório inédito da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa) revela que os prejuízos nas colheitas entre o final de julho e setembro de 2024 já somam R$ 181,71 milhões. Este impacto atinge sete das principais culturas plantadas no estado, incluindo feijão, cana-de-açúcar, milho, tomate, sorgo, batata inglesa e algodão.
A Seapa divulgou o levantamento no inicio da semana, destacando o avanço das ações de combate ao fogo em áreas agrícolas e o monitoramento intensivo dos focos de incêndio. De acordo com o governador Ronaldo Caiado, que participou de um evento em Brasília sobre o tema, o controle do fogo tem sido possível graças à rápida resposta da Defesa Civil. “A situação está mais controlada em Goiás, apesar das adversidades climáticas, graças a ações como o monitoramento em tempo real e a pronta resposta da Defesa Civil”, afirmou Caiado. Ele também destacou que o impacto na economia do estado pode atingir R$ 1,5 bilhão até o final de 2024.
Segundo dados do governo, de janeiro a agosto de 2024, mais de 102 mil hectares de áreas produtivas foram queimados, com Itumbiara, Quirinópolis, Gouvelândia, Água Fria de Goiás e Padre Bernardo entre os municípios mais afetados. Esses números são baseados no calendário de safras e referem-se às colheitas ocorridas entre julho e setembro. É importante ressaltar que os prejuízos contabilizados referem-se apenas às colheitas, não incluindo perdas relacionadas à infraestrutura, maquinário, pastagem, ou custos de recuperação e replantio.
O Sul do estado é a região mais afetada, com prejuízos estimados em R$ 46,58 milhões, o que corresponde a 25,64% do total das perdas. Em seguida, estão as regiões Sudoeste (24,82%), Entorno do Distrito Federal (13,6%) e Nordeste (11,45%).
O secretário da Seapa, Pedro Leonardo Rezende, reforçou a importância das ações preventivas e do trabalho conjunto com os produtores rurais. “A secretaria tem realizado campanhas de conscientização sobre a importância da prevenção de incêndios florestais e reforçado os estudos técnicos que demonstram o impacto dessas queimadas sobre o solo e o meio ambiente. Além disso, temos trabalhado em parceria com produtores rurais e entidades competentes, buscando alternativas e estratégias para lidar com esse desafio”, destacou Rezende.
Medidas de prevenção e controle
Como parte das ações preventivas, em julho deste ano o governador Ronaldo Caiado assinou o decreto 10.503, que proíbe o uso de fogo na vegetação, salvo exceções autorizadas pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad). Em agosto, o decreto 10.539 declarou situação de emergência em 20 municípios goianos afetados pelos incêndios, permitindo a aquisição de materiais e contratação de pessoal sem licitação por um período de 180 dias.
Com essas medidas, o governo de Goiás busca mitigar os impactos das queimadas, preservando não só a produção agrícola, mas também a saúde pública e o meio ambiente. A previsão é de que novas estratégias sejam implementadas à medida que a temporada de queimadas se intensifica no bioma Cerrado, demandando uma ação coordenada entre governo, produtores e sociedade civil para minimizar os danos.