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ECONOMIA AGROPECUÁRIA

Agropecuária brasileira em alerta: PIB do setor cai 3,2% e expõe fragilidades no orçamento

Com desafios climáticos e incertezas econômicas, veto à inclusão do Plano Safra e Seguro Rural como despesas obrigatórias gera preocupação no setor
As adversidades climáticas têm sido um dos principais fatores que pressionam o setor. Em 2024, o Brasil enfrentou secas prolongadas e variações extremas de temperatura, que reduziram a produtividade em diversas regiões. Foto: Divulgação

O agronegócio brasileiro encerrou 2024 com um dado preocupante: enquanto a economia nacional cresceu 3,4%, impulsionada pelos setores de serviços e indústria, a agropecuária registrou uma queda de 3,2% no Produto Interno Bruto (PIB), sendo a única atividade econômica a apresentar retração, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os impactos dessa desaceleração vão além dos números e revelam um setor fragilizado por instabilidades climáticas e restrições no acesso a crédito.

Em meio a esse cenário desafiador, programas de apoio como o Plano Safra e o Seguro Rural são considerados essenciais para garantir a resiliência da produção agropecuária. Entretanto, a tentativa de consolidar esses programas como despesas obrigatórias na Lei Orçamentária de 2025 (Lei 15.080/24) foi frustrada pelo veto do Executivo, acendendo um alerta no setor.

A Importância do Plano Safra e do Seguro Rural

A Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) defende que o Plano Safra e o Seguro Rural tenham repasses garantidos no orçamento federal, evitando cortes que possam comprometer a competitividade do Brasil no mercado global e a segurança alimentar interna. O Plano Safra é uma ferramenta estratégica para pequenos, médios e grandes produtores, oferecendo linhas de crédito com juros reduzidos e prazos mais longos para financiamento da produção. Já o Seguro Rural protege os agricultores contra perdas decorrentes de eventos climáticos extremos e imprevistos do mercado.

Para especialistas, a falta de previsibilidade nos recursos destinados ao setor compromete sua capacidade de resposta aos desafios impostos por fatores externos. “A inclusão desses programas como despesas obrigatórias no orçamento é essencial para garantir a estabilidade e o crescimento sustentável do agronegócio brasileiro. Sem essa medida, corremos o risco de comprometer a segurança alimentar e a competitividade do setor”, alerta Romário Alves, especialista em crédito rural.

Impacto Climático e Competitividade Global

As adversidades climáticas têm sido um dos principais fatores que pressionam o setor. Em 2024, o Brasil enfrentou secas prolongadas e variações extremas de temperatura, que reduziram a produtividade em diversas regiões. Dados do IBGE apontam que, em algumas regiões do Centro-Oeste e Sul, houve quedas de até 20% na produção de grãos devido às condições climáticas adversas. Sem apoio financeiro adequado, produtores ficam vulneráveis a essas oscilações, impactando a oferta de alimentos e elevando os custos de produção.

A falta de investimentos também pode prejudicar a inserção do Brasil no mercado internacional. Enquanto países concorrentes fortalecem suas economias agrícolas com subsídios e políticas de incentivo, o Brasil corre o risco de perder espaço na disputa por mercados estratégicos. “Os produtores brasileiros já enfrentam altos custos logísticos e burocráticos. Sem previsão orçamentária para o Plano Safra e Seguro Rural, o cenário se torna ainda mais desafiador”, reforça Alves.

Perspectivas para 2025

Diante desse panorama, lideranças do setor buscam reverter o veto presidencial e assegurar que o orçamento de 2025 contemple os recursos necessários para fortalecer a agropecuária nacional. O diálogo entre governo e setor produtivo será decisivo para definir os rumos da economia agropecuária nos próximos anos.

Com uma posição estratégica na segurança alimentar global, o Brasil precisa garantir condições sustentáveis para seu agronegócio, evitando riscos que possam comprometer sua produção e competitividade no cenário internacional.

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