A cada safra, o setor agrícola enfrenta desafios únicos, e a temporada 2023-2024 não é exceção. Condições climáticas adversas, como chuvas irregulares e temperaturas elevadas, estão lançando uma sombra sobre a produção de grãos no Brasil. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) já alertou para uma redução significativa na produção, o que levanta preocupações sobre o fornecimento e a qualidade dos alimentos para animais monogástricos, como aves e suínos.
De acordo com as projeções, a produção de grãos deve sofrer uma queda de 6,3%, com a produção de soja e milho sendo particularmente afetada, diminuindo em 3,4% e 10,9%, respectivamente. Essa diminuição na disponibilidade de grãos de alta qualidade coloca em evidência a necessidade urgente de soluções inovadoras para garantir a nutrição adequada do gado.
Fernanda Frantz, médica veterinária e chefe de indústria da divisão de nutrição e saúde animal, destaca a importância crucial das enzimas nesse cenário desafiador. Ela enfatiza que, à medida que as condições climáticas impactam a qualidade dos grãos, estratégias como a adição de protease e amilase na alimentação animal tornam-se essenciais para maximizar a digestibilidade e a absorção de nutrientes.
Segundo Frantz, embora os animais possuam enzimas endógenas para a digestão, essas podem não ser suficientes, especialmente quando confrontadas com fatores antinutricionais presentes nos ingredientes da ração. Estudos indicam que a suplementação com enzimas exógenas pode melhorar significativamente a digestibilidade da ração, resultando em ganhos de peso e conversão alimentar mais eficientes.
Um exemplo prático dessa abordagem é a adição de protease e amilase em rações específicas para aves e suínos. Estudos demonstraram que essas enzimas não apenas melhoram a digestibilidade dos nutrientes, mas também proporcionam benefícios adicionais, como um aumento na energia da dieta e uma redução na viscosidade das excretas.
Além dos benefícios diretos para a saúde e desempenho dos animais, a suplementação enzimática também tem implicações positivas no meio ambiente e na sustentabilidade da produção animal. A redução na emissão de gases de efeito estufa e a melhoria na precisão da formulação de rações são apenas algumas das maneiras pelas quais as enzimas estão ajudando a moldar o futuro da agricultura animal.
Portanto, diante dos desafios impostos pela safra 2023-2024, a utilização estratégica de enzimas na alimentação animal emerge como uma solução promissora para garantir a nutrição, o bem-estar e a sustentabilidade do gado monogástrico em face das incertezas climáticas.