Junho marca o início do período de Vazio Sanitário da Soja em diversos estados brasileiros, conforme o calendário divulgado pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). Durante esse período, os sojicultores estão proibidos de plantar e manter plantas de soja em qualquer estágio de desenvolvimento na área determinada, por no mínimo 90 dias. Essa medida tem como objetivo controlar a ferrugem asiática, uma doença causada pelo fungo Phakopsora pachyrhizi, explica o engenheiro agrônomo Lenisson Carvalho.
Segundo o especialista, a finalidade é reduzir a fonte de inóculo do fungo no ambiente durante a entressafra, atrasando o surgimento da doença na safra seguinte. Portanto, ele destaca que essa prática deve ser vista como algo positivo, pois oferece aos produtores a oportunidade de cuidar adequadamente das lavouras a serem estabelecidas e aumentar a produtividade da cultura.
“É fundamental aproveitar bem esse período para garantir o sucesso da produção. Durante esse tempo, os agricultores devem priorizar medidas que combatam principalmente a ferrugem asiática, uma doença que pode causar danos significativos à produção, com perdas que variam de 10% a 90%, dependendo da região”, afirma Carvalho.
Alerta
Além de seguir rigorosamente o período estabelecido para o vazio sanitário, o Mapa alerta que, devido ao aumento expressivo de ocorrências da doença na safra 2022/2023, é necessário um esforço conjunto entre os produtores e os órgãos estaduais de Defesa Sanitária Vegetal para rever as autorizações de cultivo em caráter excepcional, conforme previsto nos Artigos 9º e 10 da Portaria nº 306/2021.
A redução dos períodos relativos aos calendários de semeadura para a próxima safra está sendo avaliada pela Secretaria de Defesa Agropecuária, como parte das estratégias de manejo da ferrugem asiática. Lenisson Carvalho apoia a proposta do Mapa, pois os resultados mostram uma diminuição nos prejuízos para os sojicultores e toda a cadeia produtiva.
Ele também destaca a importância de um plano de manejo integrado de doenças, que inclua práticas como a rotação de fungicidas, o uso de formulações com moléculas multissítio em combinação com outros agentes, a escolha de cultivares com ciclos adequados para a região e o uso de variedades de soja mais resistentes à ferrugem asiática, entre outras medidas.
“Essas medidas fazem parte de um conjunto de ações que podem ser estrategicamente utilizadas durante esse período para proteger as lavouras e contribuir para a produtividade da cultura da soja”, esclarece o especialista.
Medidas importantes
Lenisson Carvalho destaca que, além do uso adequado de produtos específicos, como herbicidas e fungicidas, os produtores devem adotar outras medidas importantes durante o vazio sanitário. Entre elas, destacam-se:
- Eliminar plantas voluntárias de soja, ou seja, as plantas que crescem espontaneamente no campo após a colheita, para evitar a sobrevivência do fungo.
- Realizar a dessecação adequada da área antes do plantio, eliminando todas as plantas hospedeiras do fungo.
- Realizar a limpeza correta de máquinas e equipamentos agrícolas, evitando a disseminação de esporos do fungo para áreas livres da doença.
- Manter uma boa rotação de culturas, evitando o plantio consecutivo de soja na mesma área, o que ajuda a reduzir a pressão da doença.
- Realizar o monitoramento constante da lavoura, mesmo durante o vazio sanitário, para identificar possíveis focos da ferrugem asiática em áreas próximas ou em plantas voluntárias remanescentes.
- Investir em capacitação e treinamento dos funcionários, garantindo o manejo e a aplicação correta dos produtos fitossanitários.
“Ao adotar o vazio sanitário e seguir todas as recomendações de prevenção contra a ferrugem asiática, os produtores de soja demonstram comprometimento com a sanidade das lavouras e com a sustentabilidade da cadeia produtiva”, conclui o especialista, reforçando que o esforço conjunto de todos os envolvidos é fundamental para garantir uma produção de qualidade e minimizar os impactos causados por essa grave doença.
Para obter mais informações sobre o calendário divulgado pelo MAPA, por meio da portaria 781/23, acesse o link: Calendário Vazio Sanitário da Soja