O Brasil enfrenta um cenário de estiagem que está afetando diretamente a pecuária. Segundo a Universidade Federal de Alagoas (Ufal), mais de 55% do país está comprometido pela seca, impactando diretamente os pastos e a nutrição do rebanho. Para muitos pecuaristas, esse período de transição entre seca e chuvas, nos meses de setembro e outubro, é decisivo para planejar a recuperação dos animais.
Com o pasto escasso e de baixa qualidade, criadores se deparam com bezerros que perderam peso durante a estiagem e que precisam de atenção especial para atingirem as metas de crescimento. O zootecnista, Bruno Marson, oferece uma solução eficaz: o manejo de condicionamento de 30 dias, uma técnica que visa restaurar o ganho de peso e preparar os animais para o próximo ciclo.
“Como a seca deste ano foi muito severa e prolongada, a tendência é que esses animais tenham sofrido muito. Esses 30 dias de condicionamento podem ser usados para tentar restabelecer o crescimento dos bezerros, como ‘religar os motores’ deles para a próxima fase. Essa técnica serve para preparar os animais para as chuvas e o ganho de peso que o período proporciona”, afirma Marson.
O cenário é desafiador: com o pasto seco, os animais buscam as primeiras folhas verdes que surgem após as pancadas de chuva, o que pode não ser suficiente para garantir o ganho de peso necessário. Além disso, o desgaste físico da busca por alimento pode comprometer ainda mais o desempenho do rebanho.
O manejo de 30 dias: Uma estratégia eficaz
Marson, explica que o sucesso do manejo de transição depende da recuperação das pastagens, que ocorre geralmente após chuvas de 80 a 100 milímetros. No entanto, em solos que passam mais de 15 dias sem precipitação, o crescimento das novas plantas é prejudicado, o que torna o manejo ainda mais crucial para garantir que os bezerros recuperem o peso perdido.
A técnica recomendada por Marson, inclui a criação de piquetes menores, sombreados e com pastagem de qualidade. O espaço entre os animais deve ser de 15 a 20 centímetros por cabeça. Além disso, o uso do suplemento, na quantidade de 1 quilo por animal por dia, é fundamental para acelerar o ganho de peso. Com essa abordagem, espera-se que o rebanho ganhe aproximadamente 10 quilos em 30 dias.
“O animal está saindo de um período de seca, e de repente começa a ver uma folha mais verde em alguns pontos do pasto. Claro que ele vai querer comer a folha mais tenra. Só que, nessa procura por folhas verdes, ele fica mais tempo pastejando, e consequentemente, mais tempo em pé e caminhando, fazendo com que seu ganho de peso não chegue ao nível esperado”, destaca Marson.
Resultados financeiros positivos para os pecuaristas
Além de restaurar o peso dos animais, o manejo de condicionamento também garante maior aproveitamento das pastagens no início das chuvas, o que potencializa o retorno financeiro ao pecuarista. Segundo Marson, essa abordagem não só melhora a saúde do rebanho, como também otimiza os resultados econômicos da fazenda.
“É um tratamento muito viável financeiramente, porque acelera a recuperação dos animais para o período das chuvas. Com animais recuperados mais cedo, o aproveitamento das pastagens verdes será maior, otimizando o retorno financeiro ao pecuarista”, conclui o especialista.
Este manejo inovador demonstra que, mesmo em um período de adversidade climática, estratégias bem executadas podem não só minimizar perdas, mas também gerar resultados mais rápidos e eficientes. Com um planejamento adequado e a utilização de suplementos apropriados, é possível enfrentar a seca e garantir a prosperidade do rebanho na próxima estação.