A agricultura no Brasil não precisa ser uma escolha entre produção e preservação. Pelo contrário, a pesquisadora Ludmila Rattis, do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), argumenta que unir produtividade agrícola e cuidado com o meio ambiente é a chave para o futuro da agricultura no país.
A pesquisadora, defende que as fazendas devem ser reconhecidas como unidades que produzem água, diversidade biológica e mitigam as mudanças climáticas, resultando em uma agricultura de alto rendimento e baixo custo.
Para Ludmila Rattis, a importância das florestas é fundamental nesse cenário. “Floresta em pé é sinônimo de um clima mais estável. O desmatamento no Brasil é um problema tanto para quem quer produzir quanto para quem busca um ambiente saudável”, enfatiza a pesquisadora. Ela destaca que o desmatamento é a principal causa das alterações no regime de chuvas e do aumento da temperatura, e que a relação entre florestas e produtividade precisa ser enfatizada.
Ludmila Rattis, propõe a integração da floresta como parte das práticas de manejo da agricultura regenerativa. No entanto, ela ressalta que isso não significa necessariamente manter 100% de áreas florestais intocadas. A ideia é criar paisagens resistentes às mudanças climáticas, que possam reduzir os impactos das secas e das variações de chuva.
As declarações da pesquisadora foram feitas durante o primeiro encontro do ciclo de workshops sobre agricultura regenerativa no Brasil, organizado pelo Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS).
Ludmila, enfatiza a urgência de considerar as florestas como parte essencial da produção agrícola brasileira. Ela alerta que, se não houver mudanças, cerca de 70% das fazendas na fronteira agrícola Amazônia-Cerrado estarão fora das condições climáticas ideais para a agricultura até 2050, devido às alterações climáticas causadas pelo desmatamento.
O desmatamento leva a uma piora nas condições climáticas para a agricultura, aumentando o Déficit de Pressão de Vapor (VPD) nas áreas de cultivo. Isso torna as lavouras mais vulneráveis a quebras de safra e empobrecimento do solo. Ludmila Rattis enfatiza que a derrubada de árvores não é a solução para a riqueza, e sim um compromisso com a regeneração e o equilíbrio ambiental.