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SOLO E FERTILIDADE

SILÍCIO GANHA DESTAQUE NA AGRICULTURA POR FORTALECER PLANTAS E EQUILIBRAR O SOLO

Elemento não essencial se mostra crucial no manejo agrícola moderno por aumentar a resistência das culturas, melhorar a fertilidade do solo e contribuir para lavouras mais produtivas, segundo especialistas e pesquisas recentes
Aplicação de insumos ricos em silício contribui para o fortalecimento estrutural das plantas e a melhoria da qualidade do solo. Foto: Divulgação.

Mesmo sem figurar entre os nutrientes considerados essenciais, o silício vem sendo redescoberto como uma ferramenta poderosa na construção de sistemas agrícolas mais equilibrados, produtivos e resilientes. Seu papel funcional em culturas de grande importância econômica, especialmente as gramíneas, tem despertado a atenção de pesquisadores e técnicos de campo, não apenas pelos benefícios diretos no desenvolvimento das plantas, mas também pela contribuição significativa à saúde do solo.

Pesquisas recentes e experiências em campo demonstram que o elemento tem potencial para se tornar um componente estratégico no manejo agrícola, especialmente em culturas que naturalmente acumulam silício em altos níveis.

“O silício atua como um verdadeiro aliado da planta. Ele fortalece as paredes celulares, reduz a perda de água e aumenta a resistência contra pragas, doenças e estresses climáticos”, afirma o engenheiro agrônomo Wallace Luz, coordenador de Pesquisa e Desenvolvimento, com experiência em nutrição vegetal e fisiologia das culturas.

Apesar de não ser classificado como essencial nos parâmetros tradicionais de nutrição, o silício tem apresentado respostas fisiológicas significativas em diversas culturas, o que tem motivado estudos e aplicações práticas no campo. Wallace Luz explica que entre as culturas mais responsivas estão gramíneas como a cana-de-açúcar, milho, trigo, sorgo e arroz. “Essas culturas são grandes acumuladoras de silício e respondem de forma consistente ao seu fornecimento”, observa o agrônomo.

Os números reforçam essa relevância. De acordo com Luz, uma lavoura de cana-de-açúcar com produtividade média de 74 toneladas por hectare pode extrair mais de 400 quilos por hectare de silício, superando inclusive a extração de macronutrientes como o nitrogênio, potássio e fósforo — tradicionalmente considerados pilares da nutrição vegetal.

Além do impacto direto na planta, os efeitos do silício no solo também são destacados como um ponto crucial. Wallace Luz aponta que o elemento contribui para neutralizar o alumínio tóxico, um dos principais limitantes da produtividade em solos ácidos, comuns em diversas regiões agrícolas do Brasil. “Ele reduz a acidez e favorece a maior disponibilidade de potássio e fósforo na solução do solo, o que aumenta a eficiência nutricional como um todo”, explica.

Outro benefício prático do silício é seu papel na resiliência do sistema produtivo agrícola. Ao contribuir para o fortalecimento das plantas e melhorar o ambiente radicular, o silício ajuda as culturas a enfrentarem períodos de déficit hídrico, infestação de pragas e ocorrência de doenças com mais resistência — o que se traduz em estabilidade e potencial produtivo ao longo dos ciclos.

Nas práticas agronômicas mais recentes, o uso de fontes naturais de silício tem sido integrado ao planejamento de manejo de solos. Wallace Luz defende que o uso de remineralizadores ricos em silício deve ser considerado estratégico, principalmente em regiões com solos empobrecidos ou onde o equilíbrio nutricional é um desafio recorrente. “Ao incorporar um remineralizador com alto teor de silício, o produtor investe em um solo mais fértil e equilibrado, o que resulta em plantas mais saudáveis e produtivas”, explica o agrônomo.

Ele complementa que, ao promover melhorias estruturais no solo e ao fornecer elementos secundários de forma contínua, o manejo com silício favorece a sustentabilidade agronômica, com ganhos em produtividade e menor dependência de insumos sintéticos. “Estamos falando de um insumo que atua em múltiplas frentes: fortalece a planta, condiciona o solo e promove maior eficiência no uso de nutrientes.”

Diante do avanço das pesquisas e da consolidação das experiências de campo, o silício tem deixado de ser um “elemento coadjuvante” para assumir um papel funcional essencial no planejamento agrícola moderno. E, embora ainda não figure nas classificações tradicionais de nutrientes essenciais, o impacto do silício na produtividade e na saúde do agroecossistema já é, para muitos agrônomos, inquestionável.

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