Atenta a um cenário cada vez mais complexo, marcado pela força dos fenômenos climáticos e pelos reflexos da instabilidade econômica global, a área rural brasileira tem buscado novas formas de proteção. Com secas prolongadas, enchentes intensas e prejuízos bilionários registrados nos últimos anos, cresce o entendimento de que o seguro rural é mais do que uma salvaguarda: é uma ferramenta estratégica de gestão e sobrevivência no campo.
Os números reforçam essa urgência. Segundo dados do IBGE, o setor agropecuário foi o principal motor da economia no primeiro trimestre de 2025, registrando um crescimento de 12,2% em relação ao trimestre anterior, um avanço que reflete não apenas o vigor produtivo, mas também a necessidade de resiliência após um 2024 marcado por extremos climáticos severos, especialmente no Sul do país.
Nesse contexto, os riscos enfrentados pelos produtores vão muito além das lavouras. As perdas no campo podem envolver moradias, galpões, cercas, maquinários, estoques e estruturas inteiras comprometidas por incêndios, vendavais, roubos, quedas de raio ou enchentes repentinas. Cada evento, por menor que pareça, pode colocar em risco o patrimônio e a estabilidade financeira de uma família rural.
Para o superintendente executivo de Negócios e Soluções Rurais da Brasilseg, Paulo Hora, é essencial que o produtor enxergue o seguro como parte integrante do planejamento agrícola, e não como uma despesa eventual.
“É fundamental enxergar o seguro rural como um instrumento de proteção integral, que vai da vida do agricultor aos bens que sustentam sua produção. Esse olhar completo é o que permite mais estabilidade e segurança. Atender às múltiplas realidades do meio rural, contribuindo para a resiliência de um setor essencial à economia brasileira, é a principal missão de quem atua nesse segmento”, afirma.
Cobertura que vai além da lavoura
Hoje, os seguros rurais disponíveis no mercado brasileiro oferecem coberturas que abrangem desde a proteção contra danos causados por fenômenos naturais, como raios, vendavais, alagamentos e desmoronamentos, até roubos, furtos qualificados e fermentação espontânea de grãos estocados. Há também assistências específicas para equipamentos e benfeitorias, garantindo reposição ou reparo de tratores, colheitadeiras, semeadeiras, pulverizadores e implementos agrícolas em caso de perda.
Outro destaque é a ampliação de produtos voltados à segurança pessoal e familiar, como o Seguro Vida Agricultura Familiar, que garante a quitação de dívidas vinculadas ao crédito rural em caso de morte natural ou acidental do segurado. Essa modalidade protege os familiares e contribui para a continuidade das atividades produtivas, evitando a interrupção de um ciclo que sustenta boa parte da economia local.
Proteção e estabilidade como política de futuro
A ampliação do acesso ao seguro rural tem se mostrado um dos pilares para fortalecer o agronegócio brasileiro frente às mudanças climáticas. De acordo com levantamentos do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), o país registrou aumento de mais de 30% na adesão a seguros rurais nos últimos dois anos, impulsionado tanto por políticas de subvenção quanto pela conscientização dos produtores.
A percepção de risco mudou. Hoje, produtores entendem que proteger o patrimônio e o futuro da família é tão importante quanto investir em tecnologia ou insumos. Essa mentalidade reflete um novo momento do campo brasileiro: mais preparado, estratégico e conectado às práticas de gestão de risco que garantem estabilidade e longevidade à produção rural.