Com o início do plantio da safra de soja 2025/2026 previsto para setembro, produtores de todo o país dão início a uma nova etapa decisiva para a economia do agronegócio brasileiro: o planejamento estratégico da safra. Esta fase, muitas vezes invisível aos olhos urbanos, é o alicerce da produtividade e da sustentabilidade no campo.
Segundo dados iniciais da Datagro, o Brasil deve expandir sua área de cultivo de soja pelo 19º ano consecutivo, alcançando 49,1 milhões de hectares, um aumento de 2% em relação aos 48,1 milhões de hectares da temporada anterior. O número consolida o país como líder global em produção e exportação do grão, e reflete a confiança dos produtores na cultura e na eficiência das novas tecnologias agrícolas.
Para especialistas, o êxito da safra depende cada vez mais de gestão baseada em dados. A chamada agricultura digital vem transformando a maneira como o produtor rural toma decisões, desde a escolha da semente até o manejo fitossanitário, passando por monitoramento climático, nutrição e mapeamento de produtividade.
“A digitalização está transformando a forma como planejamos e executamos a safra. Ao integrar dados, tecnologia e gestão, conseguimos oferecer ao produtor uma jornada completa, otimizando tempo, recursos e aumentando a produtividade”, explica Guilherme Dressano, gerente de Agronomia da área de agricultura digital.
PLANEJAMENTO: DECISÕES QUE DEFINEM RESULTADOS
No planejamento da safra, cada etapa influencia diretamente o resultado final. A escolha das sementes, por exemplo, exige análise criteriosa sobre resistência a pragas, doenças e adaptação às condições regionais. De acordo com Dressano, “a cultivar ideal deve considerar as particularidades de cada solo e clima, maximizando o potencial produtivo”.
Outro fator decisivo é o monitoramento climático. Plataformas integradas de previsão e dados meteorológicos permitem que o agricultor adiante ou atrase o plantio conforme o comportamento do tempo, reduzindo riscos e melhorando o aproveitamento das janelas de semeadura. Ao consolidar informações de estações meteorológicas, sensores e máquinas agrícolas, a análise climática passa a ser um componente de gestão e não apenas uma variável incontrolável.
DO PLANTIO À COLHEITA: A FORÇA DOS DADOS
Com o avanço das tecnologias de taxa variável, a semeadura deixou de ser uma operação padronizada. Hoje, os produtores podem ajustar a densidade de plantio conforme a fertilidade e o histórico de biomassa de cada talhão, o que proporciona ganhos de 2% a 3% na produtividade.
As imagens de satélite ajudam a identificar zonas de maior ou menor potencial produtivo, tornando a decisão mais assertiva e econômica.
Durante o ciclo da cultura, o monitoramento da lavoura ganha protagonismo. Mapas de biomassa feitos a partir de satélites identificam áreas com anomalias nutricionais ou fitossanitárias. Essa leitura direciona ações mais precisas, reduzindo desperdícios e custos operacionais.
A gestão nutricional digital, por exemplo, pode reduzir em até 40% o volume de amostras de solo necessárias, segundo estimativas técnicas, sem comprometer a qualidade da análise, e, de quebra, ainda pode elevar a produtividade da soja em até 3%.
Manejo fitossanitário inteligente
Outro avanço que tem ganhado espaço no planejamento agrícola é o mapeamento digital de plantas daninhas, feito com drones (VANTs). A tecnologia detecta manchas de infestação em talhões, permitindo que as aplicações sejam localizadas e precisas, apenas onde há necessidade.
O resultado é uso racional de defensivos, redução do impacto ambiental e otimização do tempo de aplicação, elementos que fortalecem a sustentabilidade e a rentabilidade do sistema produtivo.
SUSTENTABILIDADE E EFICIÊNCIA COMO PILARES DO FUTURO
O desafio global de produzir mais alimentos com menos recursos continua sendo o norte da inovação no campo. Para isso, o investimento em pesquisa e desenvolvimento permanece essencial. Somente em 2024, empresas do setor destinaram mais de 915 milhões de euros em novas tecnologias voltadas à agricultura, reforçando o compromisso com a eficiência e a sustentabilidade do agro brasileiro.
Com o avanço da digitalização e o crescimento contínuo da área plantada, o país demonstra que a inovação é o novo insumo essencial da agricultura moderna. O campo se conecta à tecnologia não apenas para produzir mais, mas para produzir melhor, com inteligência, sustentabilidade e precisão.


































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































