A produção brasileira de grãos na safra 2023/2024 está projetada em 298,6 milhões de toneladas, uma queda significativa de 21,2 milhões de toneladas em relação à temporada anterior, conforme o 11º Levantamento da Safra de Grãos divulgado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Esta redução de 6,6% é atribuída principalmente às condições climáticas adversas, que impactaram diretamente o desenvolvimento das lavouras de primeira safra.
A colheita do milho segunda safra, estimada em 90,28 milhões de toneladas, já ultrapassa 90% da área cultivada, mas a produtividade variou significativamente de acordo com o pacote tecnológico e a época de plantio. Enquanto lavouras semeadas na janela ideal mostraram resultados satisfatórios, regiões como Paraná, São Paulo e Mato Grosso do Sul enfrentaram desafios devido a veranicos, altas temperaturas e ataques de pragas, comprometendo o rendimento.
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulgou nesta terça-feira (13) o 11º Levantamento da Safra de Grãos para 2023/24, revelando que a produção total de grãos no Brasil deverá alcançar 298,6 milhões de toneladas. Esse número representa uma queda significativa de 21,2 milhões de toneladas em comparação com a safra anterior. O principal fator para essa redução é a diminuição na produtividade média das lavouras, influenciada pelas adversidades climáticas que afetaram o desenvolvimento das culturas desde o início do plantio até as fases de reprodução.
Um dos grãos mais impactados foi o milho, especialmente na sua segunda safra. A colheita, que já está em fase avançada, com 90% da área cultivada já colhida, teve uma produção estimada em 90,28 milhões de toneladas. Essa queda na produtividade varia conforme o pacote técnico utilizado e, principalmente, a época de plantio. Semeaduras realizadas dentro da janela ideal, de janeiro até meados de fevereiro, obtiveram rendimentos dentro ou acima do esperado, devido à regularidade das chuvas. No entanto, estados como Paraná, São Paulo e Mato Grosso do Sul enfrentaram veranicos em março e abril, juntamente com altas temperaturas e ataques de pragas, que prejudicaram o potencial produtivo.
Além da perda de produtividade, a área destinada ao milho também foi reduzida tanto na primeira quanto na segunda safra, resultando em uma expectativa de colheita total de aproximadamente 115,65 milhões de toneladas, 12,3% abaixo da temporada passada.
Por outro lado, o algodão se destacou positivamente. A Conab prevê um aumento tanto na área plantada quanto na produtividade média das lavouras, influenciado por condições climáticas favoráveis ao desenvolvimento da cultura. Com isso, a produção de algodão em pluma deve atingir um novo recorde, estimada em 3,64 milhões de toneladas.
No caso do feijão, a produção total esperada é de 3,26 milhões de toneladas, 7,3% superior à safra anterior. A segunda safra, com uma estimativa de 1,5 milhão de toneladas, foi prejudicada pela incidência de doenças, como a mosca-branca, e pela falta de chuvas e temperaturas elevadas em importantes estados produtores. A terceira safra está projetada para alcançar 812,5 mil toneladas, com as lavouras em estágios que variam do desenvolvimento à maturação, e em Goiás, já iniciando a colheita.
Outro grão fundamental na dieta dos brasileiros, o arroz, teve sua colheita finalizada e registrou um crescimento de 5,6% em relação ao ciclo anterior, alcançando 10,59 milhões de toneladas. Esse aumento foi impulsionado pela expansão da área cultivada, embora a produtividade média das lavouras tenha sido afetada por condições climáticas adversas, especialmente no Rio Grande do Sul, o maior produtor do grão.
Já a soja, o carro-chefe da produção agrícola brasileira, deve totalizar 147,38 milhões de toneladas nesta safra, uma redução de 4,7% em comparação com o ciclo anterior. As áreas plantadas entre setembro e outubro nas regiões Centro-Oeste, Sudeste e Matopiba sofreram com baixos índices pluviométricos e altas temperaturas, fatores que resultaram em replantios e perdas de produtividade.
Entre as culturas de inverno, o trigo merece destaque. A semeadura está quase concluída nos estados do Sul, responsáveis por 85% da área cultivada no país. A estimativa é de uma redução de 11,6% na área plantada, que deve se limitar a 3,07 milhões de hectares, reflexo das condições climáticas adversas durante o período de plantio.
No mercado, a Conab manteve as projeções do quadro de suprimentos para a safra 2023/2024 estáveis, com exceção do milho, cuja estimativa de exportação foi aumentada em 2,5 milhões de toneladas, devido à recente desvalorização da moeda brasileira. Essa desvalorização tem favorecido um aumento nas vendas do cereal no mercado externo.
A mesma questão cambial pode influenciar as exportações de arroz, atualmente projetadas em 1,3 milhão de toneladas. O volume embarcado do grão chegou a 175 mil toneladas no último mês, uma elevação significativa em comparação com as 62 mil toneladas exportadas em junho. Entretanto, a menor disponibilidade interna do grão poderá limitar o volume exportado até o ciclo 2024/2025.
Esse cenário agrícola, refletido nos números divulgados pela Conab, evidencia a complexidade e a volatilidade da produção de grãos no Brasil, fortemente influenciada pelas condições climáticas e pelas dinâmicas de mercado global.