A safra de café no Brasil está projetada para alcançar números promissores em 2023, de acordo com o 2º levantamento divulgado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Mesmo diante de uma bienalidade negativa, a produção brasileira de café deverá registrar um crescimento de 7,5% em relação ao ciclo anterior, totalizando 54,74 milhões de sacas beneficiadas, em comparação às 50,92 milhões de sacas colhidas em 2022.
O bom desempenho é resultado da recuperação das lavouras de café, que foram afetadas pela estiagem e geadas ocorridas em 2021, impedindo que as plantas atingissem seu potencial produtivo no ano passado. Com as condições climáticas mais favoráveis em 2022, especialmente nas áreas produtoras de café arábica, houve uma recuperação significativa na produção, como explicou o presidente da Conab, Edegar Pretto.
A expectativa para o café arábica é colher 37,93 milhões de sacas beneficiadas, o que representa 69,3% da produção total de café no país. Caso essa estimativa seja confirmada, haverá um aumento de 15,9% em relação à safra de 2022. Esse crescimento é atribuído ao aumento da área de produção em 1,9% e ao ganho de 13,7% no rendimento das lavouras, especialmente em Minas Gerais, o maior produtor de café arábica, destacou Fabiano Vasconcellos, gerente de Acompanhamento de Safras da Conab.
Já para o café conilon, a perspectiva é de uma produção de 16,81 milhões de sacas, o que representa uma redução de 7,6% em relação à safra anterior. Apesar do aumento esperado na colheita em estados como Rondônia, Bahia e Mato Grosso, as perdas de produtividade no Espírito Santo, maior produtor de conilon, impactaram negativamente os números, explicou Vasconcellos.
O levantamento da Conab também revelou que a área total destinada à cafeicultura no país em 2023 é de 1,87 milhão de hectares, um aumento de 1,7% em relação à safra anterior. No entanto, a área em formação, que inclui a introdução de novas plantas e tratos culturais, registrou uma queda de 6% em relação ao ciclo anterior, totalizando 375,5 mil hectares.
No mercado de exportação, o Brasil enfrentou restrições de oferta nos primeiros meses de 2023, resultando em uma queda de 20,3% nas exportações de café em comparação com o mesmo período do ano anterior. Essa redução segue o comportamento registrado nos últimos dois anos, devido à limitação da oferta interna nos primeiros meses do ano, o que afeta a disponibilidade de café para venda no mercado externo.
Esse cenário de estoques restritos no início de 2023 foi influenciado pelas adversidades climáticas que limitaram a produção de café no Brasil nos últimos dois anos. “Porém, a boa expectativa para a atual safra, após melhora das condições climáticas, favorece a recomposição dos estoques e pode contribuir para a recuperação da exportação do produto no segundo semestre”, analisa o analista de mercado da Conab, Fábio Silva Costa.
Para os preços do produto, a tendência é de queda das cotações a partir do avanço da colheita, embora não sejam esperadas reduções significativas, uma vez que os estoques baixos dão suporte aos preços do café e impedem quedas expressivas das cotações neste momento.