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CLONAGEM EQUINA

PRIMEIRO CLONE DA RAÇA BH NASCE NO BRASIL E ABRE NOVO CAPÍTULO NA GENÉTICA DO HIPISMO

A potra Magnólia Mystic Rose I marca o início da era da clonagem na equinocultura brasileira com base em protocolos internacionais e foco no aprimoramento genético para o esporte de alto desempenho
Potra clone é geneticamente idêntica à égua Magnólia Mystic Rose, matriz de destaque mundial no hipismo. Foto: Divulgação.

A equinocultura brasileira alcançou um marco histórico. Aos oito meses de idade, a potra Magnólia Mystic Rose I se tornou o primeiro clone oficialmente registrado da raça Brasileiro de Hipismo (BH) no Brasil. O feito representa não apenas um avanço científico e técnico, mas também um novo horizonte para o melhoramento genético aplicado ao esporte de alto rendimento.

O clone nasceu em 8 de outubro de 2024, em Salto de Pirapora, no interior paulista. Resultado de um processo biotecnológico sofisticado, a potra é uma cópia genética da égua Magnólia Mystic Rose, matriz consagrada na reprodução e mãe da supercampeã mundial Miss Blue Mystic Rose, destaque nos mais prestigiados circuitos internacionais de hipismo, como Aachen, Hamburgo, Fontainebleu e o Rolex de Roma.

A decisão de iniciar o processo de clonagem partiu do advogado Nilson Leite, representante do criatório localizado na mesma cidade. “A Magnólia é um marco genético. O que ela entregou no esporte e, principalmente, na reprodução, produz uma resposta à altura: preservar sua genética com responsabilidade”, afirma Leite. O procedimento, segundo ele, tem tanto valor técnico quanto afetivo.

O investimento envolvido na clonagem da potra gira em torno de R$ 500 mil, valor que contempla desde a coleta da célula somática original, passando pela manutenção genética em laboratório, aspiração e seleção de oócitos, transferência nuclear, transporte, cuidados veterinários e estabulagem, até a formalização do registro do animal como clone.

A técnica utilizada no processo foi a Transferência Nuclear com base na ICSI (Injeção Intracitoplasmática de Espermatozoide), considerada uma das mais seguras e eficazes em reprodução assistida equina. O protocolo utilizado segue padrões internacionais, mas foi integralmente executado em solo brasileiro. O procedimento consiste em extrair o núcleo de uma célula somática da égua original e inseri-lo em um óvulo previamente enucleado, gerando assim um embrião geneticamente idêntico.

Nilson Leite enfatiza que a clonagem é uma ferramenta que deve ser utilizada com critério. “A clonagem não compete com a criação tradicional, ela agrega. É uma tecnologia complementar, legítima quando usada com propósito claro e responsabilidade”, pondera.

Hoje, a jovem potra vive sob monitoramento constante de uma equipe especializada. Compartilha o pasto com sua “origem genética”, a égua Magnólia, e apresenta desenvolvimento saudável. O futuro da potra ainda será definido entre o esporte e a reprodução, conforme sua evolução física e genética.

A égua original, aposentada da reprodução ativa após atingir avaliação estimada de US$ 2 milhões, segue influenciando o hipismo mundial por meio de sua descendência. Com a clonagem, essa genética passa a ter continuidade e pode representar um novo salto de qualidade nos padrões da raça BH.

A linhagem da potra clone é a mesma de Miss Blue Mystic Rose, animal que nasceu no Brasil, venceu o Grande Prêmio Europa em Aachen e foi selecionada para os Jogos Olímpicos de Paris 2024, conduzida pelo cavaleiro olímpico Yuri Mansur. A égua, produto de seis gerações de aprimoramento em território nacional, simboliza a ascensão do hipismo brasileiro no cenário esportivo internacional.

Para Nilson Leite, a experiência reforça a importância do planejamento de longo prazo. “Os cavalos que estão sendo criados agora alcançam a plenitude de seu desenvolvimento em média aos 10 anos, então o planejamento sobre o futuro deste animal é imprescindível e começa no berço”, avalia.

Com esse passo inédito, a clonagem de equinos no Brasil deixa de ser apenas uma possibilidade teórica e se materializa como estratégia concreta de conservação e multiplicação genética. Mais do que um avanço pontual, o nascimento de Magnólia Mystic Rose I sinaliza a abertura de uma nova era para a equinocultura brasileira, com inovação, responsabilidade e ciência no centro das decisões.

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