cotações de Comodities

Cotação do dollar

ECONOMIA RURAL

PLANO SAFRA 2025/2026 EXIGE PLANEJAMENTO: MAIOR OFERTA DE CRÉDITO TRAZ TAMBÉM MAIS RESPONSABILIDADE AO PRODUTOR

Mesmo com o maior volume de crédito da história mais de R$ 500 bilhões, taxas de juros elevadas e novas exigências fiscais e ambientais exigem atenção técnica e gestão cuidadosa das famílias do campo
Produtor acompanha anúncio do Plano Safra em zona rural, crédito mais robusto, mas exigências também aumentam. (Foto: Divulgação)

O novo Plano Safra 2025/2026 foi anunciado com cifras históricas: são R$ 500,3 bilhões em crédito rural, sendo R$ 400,5 bilhões para a agricultura empresarial e R$ 99,6 bilhões para a agricultura familiar. O número representa o maior montante já disponibilizado desde a criação do programa. Apesar da dimensão dos recursos, especialistas alertam: os riscos financeiros também cresceram, e o sucesso na contratação dependerá de planejamento, análise técnica e responsabilidade fiscal por parte dos produtores rurais.

A primeira etapa do anúncio teve como foco a agricultura familiar. Segundo o especialista em Direito Econômico Fabiano Jantalia, o momento é decisivo para que pequenos e médios produtores façam escolhas conscientes. “Apesar da boa notícia do crédito farto, é preciso atenção ao custo desse dinheiro e aos riscos de endividamento em um cenário de Selic ainda elevada, hoje a 15% ao ano”, alerta o advogado.

As taxas de juros divulgadas variaram entre 6% e 12% ao ano, a depender da modalidade contratada — seja para custeio ou investimento. A variação, aliada à incerteza da política monetária nos próximos meses, exige atenção. “Produtores que enfrentam margens de lucro apertadas ou aumento nos custos operacionais devem evitar contratações apressadas. Uma decisão sem análise técnica ou jurídica pode transformar uma oportunidade em um passivo preocupante”, afirma Jantalia.

Outro fator que merece cuidado é o modelo de indexação das linhas de crédito. Parte dos financiamentos é pré-fixada, enquanto outras seguem índices como Selic ou IPCA. Para agricultores com menor familiaridade com essas variáveis, o apoio de cooperativas, entidades de extensão rural ou consultores financeiros pode ser determinante para compreender o real impacto das parcelas no longo prazo. “Sem essa análise, o produtor pode ser surpreendido com o aumento do valor das prestações, comprometendo a saúde financeira da propriedade”, reforça o especialista.

Além do planejamento financeiro, a regularidade documental é uma exigência crescente. Para ter acesso às melhores taxas e condições, é indispensável manter a documentação ambiental e fiscal em dia. “É necessário estar com o Cadastro Ambiental Rural (CAR) atualizado, com as certidões negativas fiscais válidas e, em alguns casos, comprovar boas práticas socioambientais. Tudo isso pode interferir diretamente na aprovação e nos juros da operação”, explica Jantalia.

O especialista também orienta que produtores se antecipem à abertura oficial das contratações. “Buscar apoio técnico antes de ir ao banco é essencial. A pressa em assinar contratos sem entender a totalidade dos encargos pode gerar um efeito reverso, agravando a situação econômica do produtor, principalmente no médio e longo prazo”, diz.

Embora o montante disponível seja animador, Jantalia enfatiza que a quantidade de crédito não é garantia de benefício direto e imediato. “O financiamento rural cumpre seu papel quando vem acompanhado de estratégia, informação e gestão consciente. A responsabilidade é a palavra de ordem neste novo ciclo”, finaliza.

Deixe um comentário

ARTIGOS RELACIONADOS