Os primeiros momentos na vida de um pintinho são cruciais, e os cientistas do Núcleo Brasileiro de Pesquisas em Incubação Artificial de Ovos da Universidade Federal da Bahia (NUPIA/UFBA) mergulharam fundo nesse universo. Suas pesquisas vêm lançando uma luz brilhante sobre o efeito da temperatura durante a incubação na saúde e no desenvolvimento dessas aves.
Recentemente, esses estudos inovadores foram reconhecidos com o Prêmio José Maria Lamas da Silva, na Conferência FACTA WPSA-Brasil 2023. Os pesquisadores foram premiados nas categorias “Produção” e “Outras Áreas” com os trabalhos “Produção e qualidade dos pintos em incubações com temperaturas altas e baixas” e “A temperatura de incubação afeta a utilização dos componentes do ovo e a mineralização óssea do embrião”.
Izabela Lorena Azevedo, uma das autoras dos estudos e membro do NUPIA/UFBA, explica que essas pesquisas têm um objetivo claro: compreender como diferentes temperaturas de incubação afetam o desenvolvimento dos embriões e, posteriormente, a saúde dos pintinhos.
“É como uma equação complexa. Sabemos que problemas nas pernas das aves estão associados a diversos fatores, como genética, nutrição, ambiente e saúde. No entanto, um fator que raramente é discutido é a temperatura de incubação, que desempenha um papel crucial no desenvolvimento dos embriões”, comenta Izabela.
A equipe utilizou uma abordagem inovadora, manipulando a temperatura dos ovos durante a fase intermediária da incubação, quando o metabolismo do embrião está a todo vapor. Os resultados foram surpreendentes e indicaram que temperaturas de incubação mais altas ou mais baixas do que as tradicionalmente usadas na indústria avícola podem afetar significativamente a saúde óssea dos pintinhos.
Essas pesquisas, parte de uma tese de doutorado, são apenas o início de uma série de estudos que explorarão ainda mais essa relação crucial. A equipe se concentrará em aspectos como a influência da temperatura nas taxas hormonais e na utilização de minerais pelos embriões, tudo com o objetivo de aprimorar a saúde óssea das aves.
Os resultados dessas pesquisas podem ser um divisor de águas na indústria avícola, uma vez que problemas de saúde nas pernas são uma causa significativa de perda econômica para os criadores. Aprofundar o conhecimento sobre o impacto da temperatura de incubação pode abrir caminho para estratégias de manejo mais eficazes e, por fim, para uma avicultura mais saudável e lucrativa.
Como Izabela ressalta, a temperatura de incubação é um fator que raramente é considerado crítico no processo, mas agora, graças a esses estudos pioneiros, pode ser a chave para uma criação de aves mais bem-sucedida e sustentável.