Um estudo realizado pela Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária da Universidade de Brasília (UNB) revelou dados impressionantes sobre o potencial da Brachiaria híbrida Mavuno na produção de feno de alta qualidade. O experimento, conduzido entre fevereiro e março de 2019 na Fazenda Água Limpa, Distrito Federal, mostrou que o capim Mavuno se destaca não apenas pela sua elevada produção de massa seca, mas também pela excelente digestibilidade e manutenção de um valor nutricional superior, mesmo com o avanço da idade de corte.
De acordo com a autora da pesquisa, engenheira agrônoma Ana Caroline Pereira da Fonseca, os resultados “corroboram com o que os produtores observam em campo, seja em pasto convencional ou para conservação de forragem. É o Mavuno mostrando sua habilidade para fenação”. A pesquisa, intitulada “Produção e Composição químico-bromatológica de feno do capim Mavuno”, analisou amostras em quatro diferentes épocas de corte (28, 35, 42 e 49 dias), com o objetivo de medir a produção de feno por hectare, teor de proteína bruta, fibra em detergente neutro, digestibilidade in vitro e produção de gases.
Fenação: Estratégia para pecuaristas
A fenação é uma prática recorrente entre pecuaristas que buscam armazenar forragem de alta qualidade para épocas de escassez. Trata-se de um processo de desidratação da planta, resultando em um produto nutritivo e com baixo nível de perdas, podendo ser armazenado por longos períodos. Como explica o professor PhD Gilberto Gonçalves Leite, orientador da pesquisa, “o feno, assim como a silagem, é um suplemento caro que só se utiliza na pecuária avançada. A qualidade do feno está diretamente relacionada à qualidade da forragem utilizada. Se a forragem for de baixa qualidade, o feno também será.”
Resultados promissores: Proteína e digestibilidade
A pesquisa revelou que o melhor rendimento de feno por hectare foi registrado no corte de 42 dias, com uma produção média de 5.211,20 quilos por hectare. Quanto ao teor de proteína bruta, o maior valor foi observado no corte de 28 dias, atingindo 8,41%, com amostras superando os 10,70%. Surpreendentemente, mesmo aos 49 dias, o teor de proteína das amostras ainda foi considerado elevado, atingindo 6,32%.
Outro ponto de destaque foi o resultado da digestibilidade in vitro da matéria seca, que mostrou que o capim Mavuno mantém sua alta digestibilidade, independentemente da idade de corte. O volume de gás produzido nos experimentos indicou que a forragem preservou suas propriedades fermentativas, fundamentais para garantir um consumo adequado de matéria seca pelos animais. “As melhores idades de corte variaram entre 35 e 42 dias, quando pudemos obter bons resultados de produção e qualidade nutricional. Mesmo aos 49 dias, a digestibilidade ainda se manteve elevada”, ressaltou Fonseca.
Versatilidade e potencial na pecuária
Os resultados da pesquisa surpreenderam os cientistas, já que a literatura existente indicava que o aumento da idade de corte reduziria o substrato nitrogenado necessário para a ação dos microrganismos durante a fermentação. No entanto, o capim Mavuno desafiou essa premissa, mantendo seu valor nutricional em níveis superiores aos de outras espécies de Brachiaria, destacando-se como uma opção viável e de alta performance para a produção de feno.
O coordenador técnico de empresa líder no segmento de sementes, Edson de Castro Junior, reforça o valor do Mavuno como uma alternativa promissora para a pecuária brasileira. “Mavuno é um híbrido que se mostra versátil a cada novo resultado científico. Sabemos de suas características e seu potencial para melhorar a produtividade da pecuária brasileira e estamos sempre abertos a apoiar estudos e pesquisa de universidades e institutos”, destacou Castro Junior.
A pesquisa conduzida pela UNB não apenas reforça a importância da genética na agropecuária, mas também aponta o caminho para uma pecuária mais eficiente, sustentável e com maior retorno econômico. Com a adoção de práticas como a fenação de qualidade, o capim Mavuno tem o potencial de revolucionar a alimentação animal, oferecendo aos pecuaristas uma alternativa segura e de alto rendimento para o manejo do gado.
Esses resultados são um marco importante para o setor agropecuário, indicando que o investimento em genética e pesquisa pode trazer retornos significativos para a pecuária brasileira, tanto em produtividade quanto em qualidade alimentar para os rebanhos.