Em um cenário desafiador para a pecuária brasileira, o mercado de reprodução animal surpreende ao registrar um impulso nas vendas de sementes destinadas à pecuária leiteira durante o ano de 2023. Dados divulgados pelo Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), em parceria com A Asbia (Associação Brasileira de Inseminação Artificial), revelou uma evidência significativa, contrapondo a desaceleração no segmento de corte. A queda geral de 2,8% nas vendas de sementes para ambos os setores evidencia nuances importantes que moldam o futuro da produção pecuária nacional.
A Associação, representando cerca de 98% do market share nacional de vendas de sêmen bovino, destaca a diminuição na movimentação de doses destinadas à pecuária de corte, diminuindo uma queda de 5,4% entre 2022 e 2023. Contudo, é crucial ressaltar que essa retração ocorreu em um ritmo menos acelerado do que nos anos anteriores. Em 2022, a queda foi de 9,33%, marcando um período desafiador para os criadores nacionais, impactado por constantes quedas nos preços de animais desmamados.
Por outro lado, a reviravolta nas vendas de sêmen para o segmento leiteiro é notável, com um aumento de 6,44% em comparação ao ano anterior. O Cepea/Asbia aponta para um ritmo potencial de recomposição do plantel de vacas leiteiras, respondendo aos desafios enfrentados durante os períodos finais da pandemia, que incluíram retração nos preços do leite e aumento nos custos.
As estimativas revelam que, apesar das oscilações de mercado, os investimentos em tecnologias de melhoramento genético permanecem elevados na pecuária de corte brasileira, enquanto no setor leiteiro ainda se apresenta de forma mais tímida, em comparação com os padrões globais.
Além disso, o Brasil se mostra cada vez mais como um fornecedor de tecnologia genética, deixando de ser simplesmente um importador. As exportações de sêmen em 2023, embora com uma leve retração de 0,9%, destacam as declarações do país como referência no mercado internacional, com parcerias importantes, especialmente com a Índia, berço das raças zebuínas que contribuíramam para a evolução da produção pecuária no Brasil.
Em meio às oscilações de mercado e desafios, a adoção estratégica de tecnologias para o melhoramento genético do rebanho brasileiro mostra-se como um caminho promissor, com impactos positivos tanto nos índices produtivos quanto no aspecto financeiro. O futuro da pecuária nacional parece trilhar um caminho de transformação, impulsionado pela busca por eficiência e inovação no setor.