O Paraguai deve consolidar, na safra 2024/25, uma das maiores produções de grãos de sua história recente. Segundo levantamento divulgado pela consultoria StoneX, a soja deve alcançar 9,93 milhões de toneladas ao considerar os dois ciclos de plantio no país, nas regiões Oriental e Ocidental. Somente na safra principal, a produção deve somar 8,69 milhões de toneladas.
Já o milho, que passa por um momento de definição, tem produção estimada em 5,25 milhões de toneladas, volume que se mantém estável em relação ao relatório anterior. Apesar de episódios de geadas registrados recentemente, as lavouras já estão em estágio avançado de maturação, o que diminui os riscos de perdas severas.
MERCADO DA SOJA: AVANÇOS NA PRODUÇÃO, DESAFIOS NA COMERCIALIZAÇÃO
Se por um lado o país colhe números expressivos, por outro, o ritmo da comercialização preocupa. A analista de Inteligência de Mercado da StoneX, Larissa Barboza Alvarez, explica que o percentual vendido até o momento é de 77,4%, abaixo da média dos últimos cinco anos, que foi de 89%.
Segundo ela, a diferença reflete tanto a postura mais cautelosa dos produtores quanto o comportamento do mercado internacional. “Nas últimas semanas, o basis girou em torno de USD -30/tonelada, com preços médios pagos ao produtor variando entre USD 320 e USD 350 por tonelada. No mesmo período do ano passado, o basis estava em USD -17/tonelada, oferecendo um cenário bem mais favorável”, destacou a especialista.
O contexto internacional reforça a pressão sobre os preços. Além de uma colheita recorde no Brasil, estimada em 168,75 milhões de toneladas de soja, um aumento de 500 mil toneladas em relação à previsão anterior, a Argentina também obteve resultados expressivos, com 50,3 milhões de toneladas, segundo a Bolsa de Cereais de Buenos Aires.
MILHO: GEADAS IMPACTAM, MAS PRODUTIVIDADE SEGUE ESTÁVEL
No caso do milho, a StoneX não alterou a projeção para a safra paraguaia, que segue em 5,25 milhões de toneladas. A colheita avança lentamente, entre 5% e 10% da área, com 36,5% já comercializados.
As condições climáticas recentes, especialmente as geadas, levantaram preocupações. Porém, de acordo com Alvarez, a maior parte das lavouras já se encontra em estágio avançado, o que reduz o impacto sobre a produtividade. “No que diz respeito à quantidade, não se espera grandes mudanças. A questão agora é acompanhar a qualidade dos grãos, que pode ser afetada. Isso só será possível avaliar com mais clareza a partir desta semana, conforme o avanço da colheita”, explicou.
Os preços do milho registraram leve valorização em relação ao mês anterior. Atualmente, giram em torno de USD 135 por tonelada, contra USD 130 registrados anteriormente.
CONTEXTO REGIONAL: BRASIL E ARGENTINA NO RADAR
A posição do Paraguai no mercado regional de grãos é diretamente influenciada pelos dois gigantes vizinhos. O Brasil, maior produtor mundial de soja, projeta 168,75 milhões de toneladas na safra atual, volume considerado recorde histórico. Já a Argentina, após superar desafios climáticos na temporada passada, recuperou seu potencial produtivo, com 50,3 milhões de toneladas de soja.
Esse cenário contribui para um mercado global abastecido, o que, apesar de garantir segurança de oferta, pressiona os preços e dificulta ganhos adicionais para produtores paraguaios.