A presença marcante das mulheres na cafeicultura brasileira não passa despercebida. Com dados surpreendentes, a International Coffee Organization revela que entre 20% e 30% das fazendas de café globalmente são gerenciadas por mulheres, enquanto no Brasil, 13,2% dos estabelecimentos têm liderança feminina. Uma mudança significativa, destacando a contribuição fundamental ao setor.
Mariana Heitor, primeira Vice-Presidente da Cooperativa dos Cafeicultores do Cerrado (Expocacer), é um exemplo inspirador. Gestora da fazenda Reserva Heitor, em Patos de Minas (MG), ela representa a terceira geração de uma família dedicada à cafeicultura. Com 140 hectares destinados ao cultivo sustentável do café, a fazenda é referência em projetos ambientais, com 44,1 hectares de área reflorestada.
O cenário nacional é igualmente notável, com mais de 40 mil estabelecimentos agrícolas de café dirigidos por mulheres, conforme o IBGE. O projeto “Elas no Café”, liderado por Mariana Heitor, destaca-se ao capacitar e incentivar mulheres no setor, registrando um aumento notável de 792% de mulheres ativas ao longo de 9 anos.
Michele Silva, gestora da fazenda Três Mulheres Cafés, em Patrocínio (MG), compartilha sua jornada desde 2018, enfrentando desafios e superando o preconceito. Michele destaca o olhar diferenciado das mulheres, contribuindo para a qualidade do café e influenciando positivamente o núcleo familiar.
O programa Teens, da cooperativa, envolve as filhas de produtoras, incentivando a sucessão familiar na cafeicultura. Dados do IBGE indicam que 30% a 35% da produção de café no Brasil são de origem familiar, demonstrando a importância da continuidade geracional.
A história de Michele reflete a determinação e o poder transformador das mulheres na cafeicultura. “Eu acredito que nós, mulheres, estamos no caminho certo. Fizemos diferença na história da cafeicultura e vamos continuar fazendo através das próximas gerações. Minhas filhas já estão envolvidas no setor desde pequenas. Eu não penso em deixar apenas uma herança, mas em deixar minha marca, um legado na vida das pessoas e da minha família”, finaliza a produtora, reafirmando o impacto duradouro das mulheres na cafeicultura brasileira.