Na esteira de um crescimento notável na produção de cana-de-açúcar, a África do Sul surge como um novo epicentro de inovação e eficiência no setor agrícola. Com uma safra projetada de 18,5 milhões de toneladas métricas e uma área de produção de 352,5 mil hectares, o país africano promete uma produtividade de 74 toneladas por hectare na safra 2023/24, marcando um aumento significativo de 7,24% em relação à safra 2021/22, conforme aponta um relatório do USDA, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos.
A busca incansável por ampliar os rendimentos, especialmente entre os pequenos produtores, tem levado a África do Sul a adotar práticas inovadoras. Um fator crucial nesse processo é a pioneira utilização da irrigação por gotejamento na cultura da cana. Este método, aliado a outros elementos relevantes, transformou o país em um ponto de referência no setor sucroalcooleiro. As províncias de KwaZulu-Natal e Mpumalanga, com 95% e 100% das áreas de plantio irrigadas, respectivamente, desempenham um papel vital nos impressionantes resultados da safra.
Recentemente, uma missão técnica composta por engenheiros agrônomos, gestores de usinas brasileiras e representantes de empresas de irrigação, distribuidora de equipamentos de irrigação, explorou de perto as áreas de plantio, manejo da produção, colheita, equipamentos e instalações das usinas sul-africanas. A visita não se limitou apenas à África do Sul, estendendo-se também a Essuatíni, antiga Suazilândia, na divisa com Moçambique.
Fabio Torquato, diretor da empresa especializada em viagens no setor agro, organizadora da missão, destaca a relevância da experiência sul-africana na indústria açucareira. “A irrigação por gotejamento, aliada a outros fatores, transformou a África do Sul em uma referência no setor. A viagem não apenas proporcionou aprendizado, mas também inspiração para aprimorar as práticas do agronegócio brasileiro, especialmente no setor sucroalcooleiro”, ressalta Torquato.
Durante a missão técnica, dois aspectos chamaram a atenção: a alta produtividade e longevidade dos canaviais visitados, mesmo sem a implementação completa de ferramentas de fertirrigação, monitoramento e controle disponíveis no sistema de gotejamento, indicando possibilidades de melhorias; e a eficiente manutenção dos equipamentos, com práticas como dupla filtragem e limpeza da malha hidráulica, que podem aumentar significativamente a longevidade dos sistemas, reduzindo custos de manutenção e reforma.
Jaime Hallison Bezerra da Silva, gerente comercial da empresa de irrigação, destaca que os protocolos de manejo e manutenção dos sistemas sul-africanos são replicáveis em condições semelhantes no Nordeste brasileiro. “A viagem teve o foco de despertar a atenção para o tema de manutenção dos sistemas, além de uma rica troca de informações sobre manejo fitotécnico da cultura”, afirma o gerente comercial. Assim, a imersão na realidade sul-africana revelou-se não apenas uma oportunidade de aprendizado, mas também uma fonte de inspiração para aprimorar as práticas do agronegócio brasileiro.