O manejo adequado das pastagens desempenha um papel fundamental na produção animal, garantindo uma dieta de qualidade para os animais e, consequentemente, resultando em um maior ganho médio diário (GMD). “A equação é simples: quanto maior o GMD, maior a lucratividade no sistema de produção”, avalia o pesquisador da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), Flávio Dutra. No entanto, o pesquisador ressalta que muitos pecuaristas negligenciam o manejo das pastagens, resultando em baixo desempenho animal e degradação das áreas de pastagem, o que aumenta os prejuízos para o produtor.
Júlia Marques, médica-veterinária, destaca que o pecuarista deve compreender que a arroba mais rentável é aquela produzida em pastagens de qualidade. “O manejo das pastagens é uma solução econômica e uma estratégia eficiente para alcançar bons resultados com o rebanho”, afirma.
O manejo das pastagens deve ser planejado de forma a proporcionar o GMD estabelecido previamente e maximizar o ganho por área. Essas duas variáveis devem ser trabalhadas em conjunto, garantindo a lucratividade do sistema de produção.
Manejo nas épocas secas e chuvosas
Durante as épocas de chuva, é essencial que o pecuarista leve em consideração a altura da planta forrageira. Em sistemas rotacionados, a altura ideal de entrada deve ser respeitada, pois ultrapassar esse ponto resultará em perda excessiva de folhas, comprometendo a qualidade da dieta dos animais e, consequentemente, seu desempenho. Além disso, é necessário respeitar a altura ideal de saída, pois as folhas remanescentes serão responsáveis pela fotossíntese e pelo início de um novo ciclo de crescimento. O descumprimento dessas regras prejudica tanto os animais quanto o pasto, resultando em perdas para ambos.
Durante o período seco, que é a fase mais crítica da produção de carne, o manejo deve ser planejado durante o período de chuva anterior. Nessa fase, o pecuarista irá gerenciar o estoque de forragem armazenado para uso posterior. É necessário ter habilidade para realizar o diferimento das pastagens no final do período chuvoso, de modo a evitar um crescimento excessivo da planta forrageira, morte precoce das folhas e tombamento das plantas durante o período seco.
Condicionamento na Transição
Animais que passaram por restrição alimentar durante a seca iniciam o período chuvoso com órgãos viscerais menores e metabolismo reduzido para economizar energia durante a fase de restrição nutricional. Para que esses animais se recuperem e ganhem peso de forma satisfatória, é necessário um tempo adequado. Nesse sentido, o manejo de condicionamento tem como objetivo acelerar a recuperação dos animais por meio da intensificação nutricional durante o período de transição, por um período de 30 a 50 dias. Dessa forma, os animais poderão aproveitar ao máximo a qualidade nutricional do pasto durante o período de águas. O uso adequado de suplementos proteico-energéticos é uma forma de promover essa recuperação do metabolismo.
Durante o período de transição da seca para a chuva, é essencial que a estrutura do pasto seja corretamente formada, pois isso terá um impacto significativo na formação do pasto durante o período de chuvas, no consumo de suplementos e no desempenho do rebanho. “Atitudes corretas nessa fase proporcionam maiores ganhos zootécnicos e financeiros para a fazenda”, ressalta Júlia.
Investir em um manejo eficiente das pastagens é fundamental para garantir a qualidade da dieta dos animais, maximizar a produtividade e obter resultados econômicos satisfatórios. Ao adotar práticas adequadas de manejo, os pecuaristas podem alcançar um bom desempenho do rebanho e garantir a sustentabilidade de suas atividades.