O Brasil tem se destacado na prevenção e controle da influenza aviária, graças ao trabalho realizado no Laboratório Federal de Defesa Agropecuária (LFDA), localizado em Campinas (SP) e vinculado ao Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). Auditores fiscais federais agropecuários têm atuado incansavelmente na identificação, diagnóstico e sequenciamento genético do vírus H5N1, responsável pela doença, e a unidade é reconhecida como referência no diagnóstico da gripe aviária na América do Sul.
O procedimento começa com a coleta de amostras em aves suspeitas de contaminação em qualquer região do país. “Nossos fiscais estaduais agropecuários examinam as aves em busca de sintomas comuns da H5N1, como pescoço torto, dificuldade respiratória e problemas no sistema nervoso e digestivo. Em seguida, coletam amostras para serem enviadas ao laboratório de referência em Campinas”, explica Dilmara Reischak, auditora agropecuária responsável pela unidade de diagnóstico e identificação genética animal do LFDA-SP.
No laboratório, o material é submetido a análises de PCR em tempo real, um procedimento que detecta o RNA do vírus. Após a confirmação da presença de H5N1, os auditores federais agropecuários realizam o sequenciamento genético para identificar se o vírus é de alta ou baixa patogenicidade.
O vírus de alta patogenicidade tem o potencial de causar alta mortalidade em aves e trazer grandes prejuízos socioeconômicos. Por isso, é crucial que as autoridades agropecuárias ajam rapidamente para conter sua disseminação. Já o vírus de baixa patogenicidade precisa ser monitorado, pois pode sofrer mutações e se tornar altamente patogênico.
O Brasil teve seu primeiro caso confirmado de gripe aviária em maio deste ano, no Espírito Santo, em uma ave silvestre. Desde então, cerca de 1,5 mil casos foram investigados, com 63 amostras testando positivo para o vírus da influenza aviária de alta patogenicidade, e outros 6 casos ainda em análise. A gripe aviária era esperada no país, dado o surgimento de casos em países vizinhos, como a Colômbia.
O vírus H5N1 é naturalmente hospedado por aves silvestres migratórias, incluindo aves costeiras. Durante o inverno no hemisfério norte, essas aves migram para o hemisfério sul, onde se reproduzem. À medida que o vírus desce junto com essas aves migratórias, ele pode ser introduzido no Brasil. O maior desafio é evitar que o vírus se espalhe no território nacional e alcance granjas comerciais.
Até o momento, os casos confirmados de gripe aviária no Brasil foram verificados em aves silvestres, e não há relatos em granjas comerciais. A atuação dos auditores fiscais federais agropecuários tem sido fundamental para manter o controle da doença e evitar prejuízos econômicos. A defesa agropecuária desempenha um papel crucial na barreira zoossanitária do país, impedindo a entrada de doenças e pragas que poderiam causar danos significativos ao agronegócio brasileiro.