A paisagem agrícola de Espírito Santo do Pinhal, cidade do interior paulista tradicionalmente associada ao cultivo de café, está mudando de cor e de sabor. Nos últimos anos, a vitivinicultura tem ganhado força no município, que desponta como referência na produção de uvas finas para vinhos de qualidade. E um dos motores dessa transformação é a adoção da irrigação por gotejamento, técnica que alia eficiência no uso da água com precisão no manejo nutricional das plantas.
Segundo a consultora técnica Stéphanie Colomban, que acompanha projetos na região, a procura por variedades de uvas destinadas à produção de vinhos cresceu de forma significativa. “A produção de uvas finas, uvas para vinhos, está crescendo cada vez mais. Estão aumentando os números de vinícolas. A região é muito propícia para a produção desse tipo de cultura”, destaca.
A tecnologia como aliada do campo
O sistema de irrigação por gotejamento permite que a água e os nutrientes cheguem diretamente às raízes, garantindo maior eficiência. Associado à fertirrigação, prática que adiciona fertilizantes e defensivos via água de irrigação, o manejo se torna mais assertivo. A engenheira agrônoma que acompanha os viticultores explica: “Com a fertirrigação você consegue aplicar todos esses produtos diretamente nas raízes das plantas”.
Na prática, os produtores têm observado ganhos concretos. Fernando, responsável por um vinhedo local, relata a autonomia conquistada com o sistema: “A tecnologia é tão eficiente que facilitou muito para nós aqui o manejo da irrigação e da fertirrigação e eu consigo tocar esse manejo no vinhedo sozinho”.
Manejo com dupla poda
Outro fator que tem impulsionado a qualidade das uvas produzidas em Espírito Santo do Pinhal é a adoção da chamada dupla poda, técnica que altera o ciclo natural da videira para concentrar a colheita no inverno, quando o clima é mais favorável.
De acordo com o consultor agrícola Breno Martinatti, o sistema traz vantagens diretas para a produção: “Essa tecnologia permite para os produtores que a colheita seja feita no período de inverno, ou seja, em meados de agosto. Após a colheita, é feita a poda de brotação e, em janeiro, a segunda poda, que seria a poda de produção, para que a colheita seja feita em junho”.
Essa estratégia garante uvas de melhor qualidade, com teores de açúcar e acidez mais equilibrados, fatores determinantes para a elaboração de vinhos competitivos.
Espírito Santo do Pinhal: Novo mapa da vitivinicultura
O conjunto dessas inovações posiciona Espírito Santo do Pinhal em destaque no cenário nacional da vitivinicultura. A combinação entre clima favorável, tradição agrícola, adoção de tecnologias modernas e capacitação técnica vem consolidando a região como um novo polo produtor de uvas finas.
Para os especialistas, esse movimento tende a se expandir nos próximos anos, acompanhando a demanda crescente por vinhos nacionais de qualidade. O município, antes reconhecido quase exclusivamente pelo café, agora escreve um novo capítulo na sua história agrícola, desta vez com a força das uvas.