A citricultura, essencial para a economia de São Paulo, enfrenta um dos maiores desafios de sua história: o Greening. Esta doença, causada pela bactéria Candidatus liberibacter spp., é transmitida por um inseto vetor e tem devastado pomares em todo o estado, causando deformações e perda precoce dos frutos. Em resposta, o governo paulista intensificou os esforços para controlar a praga e garantir a qualidade das plantações.
O Greening compromete o desenvolvimento das plantas cítricas ao se alojar nos vasos do floema, impedindo a nutrição adequada das árvores. “Os frutos afetados ficam tortos, secos e muitas vezes abortam antes de amadurecer”, explica o engenheiro agrônomo Rafael Haik Guedes de Camargo, responsável técnico do Shopping Garden. A disseminação dessa praga exige medidas rigorosas de controle e prevenção.
Reconhecendo a gravidade da situação, o governo de São Paulo lançou, em dezembro do ano passado, uma campanha de conscientização e abriu um canal de denúncias para que produtores relatem pomares abandonados ou mal manejados. A criação de um comitê específico para propor políticas de controle da praga também faz parte das estratégias adotadas.
Adicionalmente, a Secretaria de Agricultura intensificou a retirada de mudas irregulares e lançou uma linha de crédito do Fundo de Expansão do Agronegócio Paulista (FEAP). Esta iniciativa oferece até R$ 300 mil por produtor, com um prazo de pagamento de 96 meses e 36 meses de carência, além de juros a partir de 3% ao ano. Essas ações visam apoiar os produtores no combate à doença e na recuperação dos pomares afetados.
A importância das estufas
A legislação específica para a produção e comercialização de mudas cítricas é fundamental no combate ao Greening. Conforme a Instrução Normativa do Ministério da Agricultura de 2013, o cultivo das mudas deve ser realizado em estufas. “As estufas proporcionam um ambiente controlado, protegido contra pragas e condições ambientais adversas”, destaca Camargo.
Em São Paulo, as estufas devem contar com telas anti-afídeos, bancadas elevadas e sistemas de controle de temperatura e umidade. A entrada de materiais de propagação na estufa deve ser rigorosamente controlada e permitida apenas com a devida autorização, garantindo assim a sanidade das mudas.
Na capital paulista, o Shopping Garden é o único estabelecimento autorizado a comercializar mudas cítricas. “É de extrema importância que os produtores e comerciantes sigam à risca toda a legislação”, enfatiza Camargo. A conformidade com as regulamentações sanitárias assegura que os consumidores possam adquirir mudas saudáveis, cultivadas em condições adequadas e livres de pragas.
Camargo alerta que o estado de São Paulo enfrenta altos índices de pomares atacados pelo Greening e pelo Cancro Cítrico. “As mudas sadias e os tratamentos nos pomares são as armas para manter o Estado de São Paulo e o Brasil como referência na produção cítrica mundial”, conclui.
A luta contra o Greening é crucial para proteger a citricultura paulista, um setor que gera US$ 2 bilhões em exportações anuais e 200 mil empregos. As iniciativas do governo de São Paulo, aliadas à conformidade dos produtores e comerciantes com as regulamentações sanitárias, são fundamentais para combater a praga e garantir a sustentabilidade da produção cítrica no estado.
O compromisso com a qualidade e a segurança das mudas é essencial para manter São Paulo como líder mundial na produção de laranjas, limões e mexericas, assegurando que o setor continue a contribuir significativamente para a economia local e nacional.