A seca é um desafio recorrente para a pecuária brasileira, especialmente em um país de dimensões continentais como o Brasil, onde a previsão climática pode variar significativamente de uma região para outra. Com uma extensão territorial de 8.514.876 km², o Brasil enfrenta uma diversidade de padrões climáticos que dificultam a definição exata do início e do fim do período seco. Em um cenário onde a seca começa entre maio e junho e pode se estender até outubro, o planejamento antecipado torna-se essencial para garantir a saúde e o desempenho do rebanho.
Durante a seca, a qualidade das forragens, que normalmente possuem um teor de proteína bruta alto, sofre uma queda significativa. De acordo com o zootecnista Wayron Castro, técnico de sementes, a proteína bruta do capim pode diminuir de 12% na estação das chuvas para cerca de 4% durante a seca. “Para manter a condição corporal do gado, é essencial que a dieta do animal contenha cerca de 7% de proteína bruta. Com níveis abaixo disso, o rebanho pode sofrer perda de peso e saúde comprometida”, afirma Castro.
A suplementação a pasto, quando realizada de maneira adequada, pode não só compensar essa defasagem como também oferecer oportunidades para ganhos mesmo durante o período seco. Estratégias bem planejadas são cruciais para maximizar a eficiência dessa suplementação e garantir que os animais recebam os nutrientes necessários.
Planejamento e escolha das forrageiras
O planejamento para a suplementação começa com a escolha de áreas específicas da propriedade para vedação. É recomendada uma adubação com nitrogênio no final das chuvas para maximizar a oferta de folhas durante a seca. Entre as variedades de forrageiras, Castro destaca a Brachiaria brizantha cv. Marandu, também conhecida como ‘Braquiarão’ ou ‘Brizantão’. Esta cultivar se destaca por sua capacidade de fornecer uma pastagem de alta qualidade, boa cobertura de solo e alta aceitabilidade pelos animais, sendo uma excelente escolha para o período seco.
A seleção das sementes é outro aspecto crítico. A utilização de sementes com alta pureza é fundamental para evitar a introdução de plantas daninhas e nematoides. “Sementes tratadas com tecnologia avançada, que possuem fungicidas e inseticidas, garantem proteção contra pragas e doenças desde o armazenamento até o plantio”, explica Castro.
Após o plantio, é vital que o produtor continue monitorando a pastagem. Isso inclui a oferta de forragem aos animais e a taxa de lotação. Para garantir que o gado tenha acesso suficiente a forragem, é aconselhável realizar amostragens regulares da área de pastagem, cortando e pesando o capim. Esse monitoramento permite ajustar a oferta de alimento e evitar a falta de forragem.
Os produtores de gado leiteiro frequentemente utilizam silagem durante a seca, o que exige um planejamento adicional para garantir que a silagem esteja disponível e em boas condições. Castro recomenda que os produtores não se deixem levar pela esperança de um período seco mais curto. “Com o clima cada vez mais imprevisível, a prevenção é a melhor estratégia. Garantir a oferta contínua de alimento para o gado e seguir rigorosamente o protocolo de suplementação é fundamental para a saúde e produtividade do rebanho”, conclui o especialista.
A seca representa um desafio significativo para a pecuária, mas com planejamento estratégico e a escolha correta das forrageiras, é possível superar este obstáculo e manter a saúde e o desempenho do gado. A aplicação de técnicas adequadas de manejo, juntamente com uma suplementação bem planejada, pode transformar um período crítico em uma oportunidade para fortalecer o rebanho e otimizar a produção.