O conceito de ESG, sigla para Environmental, Social and Governance (ambiental, social e governança) vem conquistando espaço estratégico nas empresas brasileiras, mas ainda enfrenta desafios para se consolidar como prática efetiva de gestão.
Segundo levantamento da TOTVS, 77% dos profissionais reconhecem a importância do tema dentro das organizações, e 51% afirmam que suas empresas já realizam ações concretas relacionadas à sustentabilidade, responsabilidade social ou governança corporativa. No entanto, apenas 21% das empresas possuem uma área dedicada ao ESG, revelando a necessidade de estruturar práticas auditáveis e mensuráveis.
ESG E AGRONEGÓCIO: UMA CONEXÃO PRÁTICA
No setor agro, a aplicação do ESG se torna ainda mais relevante, pois a produção depende diretamente de recursos naturais, mão de obra e processos complexos. A dimensão ambiental inclui gestão de água, solo e biodiversidade, enquanto a dimensão social foca em condições de trabalho justas, valorização de produtores familiares e integração com comunidades locais. A governança garante rastreabilidade, compliance e tomada de decisão baseada em dados.
Segundo a Embrapa (2023), produtos agrícolas com rastreabilidade e certificações ambientais têm mais facilidade de acessar mercados internacionais, onde exigências ESG já são padrão. Já o SEBRAE (2023) mostra que propriedades rurais que adotam práticas sociais estruturadas aumentam o engajamento da equipe e reduzem a rotatividade, fortalecendo a produtividade.
ORIGEM, EVOLUÇÃO E CERTIFICAÇÃO
O conceito de ESG surgiu oficialmente em 2004, no relatório “Who Cares Wins”, desenvolvido pela ONU, com o objetivo de integrar critérios ambientais, sociais e de governança às decisões de investimento. Desde então, ganhou relevância global, especialmente após o Acordo de Paris, em 2015, que estabeleceu metas para mitigação das mudanças climáticas.
No Brasil, o ESG começou a se consolidar no mercado corporativo a partir de 2020, com índices como o ISE B3, que mede práticas de responsabilidade socioambiental em empresas listadas na Bolsa de Valores. De acordo com relatório da B3 (2023), o número de empresas participantes cresceu mais de 25% nos últimos cinco anos.
Nesse cenário, certificações independentes tornam-se ferramentas essenciais. Elas conferem rastreabilidade, padronização e credibilidade às práticas corporativas, evitando que iniciativas permaneçam apenas no discurso.
“Hoje, é fundamental que empresas possam comprovar suas ações ESG com base em critérios técnicos e auditáveis. A certificação valida e dá transparência aos compromissos assumidos”, destaca Alexandre Xavier, vice-presidente de ESG da Associação Brasileira de Avaliação da Conformidade (Abrac).
Normas como a ISO 14001, voltada à gestão ambiental, e a NBR 16001, focada em responsabilidade social, ajudam a estruturar processos internos, alinhar estratégias aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e consolidar uma cultura corporativa ética e de longo prazo, também aplicável ao agronegócio.
IMPACTO E TENDÊNCIAS NO AGRONEGÓCIO
As certificações ESG impactam diretamente o dia a dia das organizações rurais e industriais. Dados do Global ESG Survey da PwC (2024) mostram que empresas com práticas estruturadas de ESG apresentam maior engajamento dos colaboradores, eficiência operacional e transparência na tomada de decisão.
No agronegócio, segundo relatório da FAO (2022), práticas ESG podem aumentar a eficiência produtiva em até 15%, ao mesmo tempo que reduzem impactos ambientais e sociais. Além disso, levantamento da Anbima (2023) mostra que investimentos em fundos sustentáveis no Brasil já superam R$ 120 bilhões, refletindo a valorização de empresas comprometidas com práticas verificáveis e responsáveis.
Segundo Fundação Dom Cabral (2023), empresas rurais com ESG estruturado conseguem acessar mercados internacionais, reduzir riscos operacionais, engajar colaboradores e fortalecer sua imagem perante investidores, clientes e sociedade.
DO DISCURSO À PRÁTICA
O ESG deixou de ser apenas uma tendência e se tornou uma exigência de mercado, especialmente em setores que dependem diretamente de recursos naturais e da confiança social, como o agronegócio. As certificações funcionam como selos de confiança, garantindo que as ações sejam auditáveis, mensuráveis e alinhadas às metas globais de sustentabilidade.
O desafio agora é claro: integrar ESG à gestão estratégica, comprovando resultados e impactos reais, transformando boas intenções em práticas que beneficiam empresa, colaboradores, comunidade e meio ambiente.


































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































