Com o aumento dos preços das commodities e a concorrência na produção de etanol, a utilização de subprodutos na alimentação bovina se torna uma alternativa viável e econômica para os pecuaristas. O médico-veterinário, Gabriel Pagno, destaca a importância de revisar o uso desses insumos, especialmente em tempos de alta nos preços das matérias-primas mais nobres, como milho e soja.
Pagno explica que os sistemas intensivos de engorda começaram com o uso de subprodutos ou coprodutos antes de migrarem para o milho e a soja. “Hoje, retomar a nutrição com subprodutos exige considerar fatores como logística, umidade, tempo de armazenamento, composição nutricional, nível de inclusão na dieta e a eliminação da necessidade de processamento (moagem)”, afirma.
Entre os subprodutos recomendados estão o caroço de algodão, a casquinha de soja, os DDGs (grãos secos de destilaria) e o resíduo úmido de cervejaria (cevada).
- Caroço de Algodão: Conhecido como “coringa da nutrição animal”, o caroço de algodão rende até 55% de toda pluma após o beneficiamento, aumentando a energia da dieta sem alterar a fermentação ruminal, além de fornecer altos teores de fibra e proteína. “Ele é uma excelente opção para substituir o milho na dieta dos bovinos”, detalha Pagno.
- Casquinha de Soja: Este subproduto é obtido após a extração do óleo vegetal e pode substituir alimentos nobres como milho e sorgo. “A casquinha possui elevados teores de fibra de alta digestibilidade, beneficiando a manutenção do PH ruminal e contém, em média, 12% de proteína bruta”, explica o gerente.
- DDGs: Resultado do processo de fabricação do etanol, os DDGs apresentam proteína bruta que varia de 26% a 30%. “Os aminoácidos chegam intactos ao duodeno, aumentando a síntese de proteína bruta para o animal. Esse subproduto pode ser incluído em até 45% da matéria seca das dietas e é ideal para dietas densas em energia devido ao seu baixo teor de amido”, destaca Pagno.
- Resíduo de Cervejaria (Cevada): Produzido durante a fermentação da cerveja, o resíduo de cevada contém milho, arroz e outros cereais, oferecendo cerca de 30% de proteína bruta e alta palatabilidade para o gado. “Este é um nutriente disponível durante todo o ano e muito bem aceito pelos animais”, comenta o gerente.
Gabriel Pagno, ressalta que a utilização de subprodutos não só reduz custos, mas também melhora os resultados e contribui para a sustentabilidade ambiental. “Estudar substitutos em nossas rações e dietas é uma grande oportunidade de economizar e aumentar os lucros. Além disso, damos um destino nobre a resíduos industriais, transformando-os em proteína nobre para o mundo”, conclui.
A adoção de subprodutos na alimentação bovina é uma prática que oferece múltiplos benefícios, combinando economia, eficiência nutricional e sustentabilidade. Para os pecuaristas, essa estratégia pode representar uma significativa redução nos custos de produção e uma melhoria nos índices zootécnicos, contribuindo para um sistema mais sustentável e lucrativo.