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SUINOCULTURA BRASILEIRA

CONSUMO DE CARNE SUÍNA ATINGE MAIOR NÍVEL EM UMA DÉCADA E REVELA MUDANÇA NOS HÁBITOS ALIMENTARES DO BRASILEIRO

Versatilidade, perfil nutricional e tradição culinária impulsionam alta de quase 35% no consumo per capita desde 2015, segundo dados da ABCS, IBGE e Secex
Avanço da suinocultura em Minas Gerais contribui para fortalecimento do setor no cenário nacional. Foto: Divulgação.

O consumo de carne suína no Brasil vive seu melhor momento em mais de uma década. Segundo dados da Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS), com base em levantamentos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), o consumo per capita da proteína chegou a 19,52 quilos por habitante em 2024. O número representa um salto expressivo de quase 35% em relação a 2015, quando o índice era de 14,47 quilos.

Esse avanço revela uma mudança significativa no padrão alimentar da população brasileira, que tem encontrado na carne suína uma alternativa cada vez mais presente à tradicional carne bovina. O destaque da carne suína entre as demais proteínas animais ao longo da última década também evidencia a aceitação crescente da proteína, favorecida por seu perfil nutricional equilibrado, adaptabilidade a diferentes preparações e, principalmente, pela forte presença na culinária regional brasileira.

“O aumento do consumo confirma o que percebemos no dia a dia da produção: a carne suína tem conquistado espaço à mesa do brasileiro, não apenas em datas comemorativas ou pratos típicos, mas no cotidiano, com cada vez mais cortes e formas de preparo sendo adotadas pelas famílias”, destaca Weber Vaz de Melo, diretor comercial e industrial com vasta experiência na suinocultura mineira.

Entre os fatores que contribuem para esse crescimento, especialistas apontam a ampliação da oferta de cortes com valor agregado, a intensificação de campanhas educativas sobre o valor nutricional da carne suína e o avanço logístico que permite maior distribuição em regiões que antes consumiam em menor escala. Além disso, a diversificação no perfil do consumidor, com novas demandas por praticidade, qualidade e sabor, tem impulsionado a busca por proteínas versáteis e acessíveis.

Ainda segundo Weber Vaz de Melo, a tendência é que a carne suína continue ganhando terreno no cenário nacional. “A suinocultura brasileira está atenta às exigências dos consumidores e vem se estruturando com investimentos em genética, bem-estar animal, sustentabilidade e novos formatos de apresentação da carne”, afirma o executivo. Ele ressalta que as inovações tecnológicas e a valorização da cultura alimentar regional são fatores essenciais para o fortalecimento do setor.

Além dos cortes tradicionais como pernil, costelinha, lombo e panceta — elementos presentes em diversos pratos típicos da culinária mineira e brasileira —, o mercado interno tem mostrado maior receptividade a embutidos curados e produtos defumados, que se alinham à busca do consumidor moderno por sabores diferenciados, mas com forte vínculo com a tradição alimentar.

Outro ponto de atenção está na diversificação da produção, que visa atender à crescente pluralidade de perfis de consumo, com o surgimento de novas categorias de produtos e adaptação às exigências de saudabilidade. Embora a carne suína tenha enfrentado durante décadas estigmas relacionados à saúde, hoje o setor comemora a maior disseminação de informações corretas sobre os benefícios da proteína, seu equilíbrio nutricional e segurança alimentar.

Em um cenário de oscilações nos preços das proteínas tradicionais e desafios produtivos, a suinocultura tem apresentado resiliência. Dados da Secex apontam também crescimento nas exportações de carne suína nos últimos anos, resultado da melhoria na qualidade dos produtos, ampliação dos mercados compradores e adoção de protocolos internacionais de biosseguridade.

O Brasil é hoje um dos maiores produtores e exportadores de carne suína do mundo, e Minas Gerais se destaca nesse mapa com atuação robusta de cooperativas e produtores independentes. O desempenho do setor no estado reforça a importância da suinocultura para a segurança alimentar e geração de renda em regiões do interior, especialmente no Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba.

Diante desses avanços, especialistas projetam que o consumo de carne suína no país pode ultrapassar a marca dos 20 quilos per capita nos próximos anos, mantendo o ritmo de crescimento atual. Para isso, o desafio está em continuar ampliando o acesso, a informação e a valorização da proteína junto à população urbana, que ainda representa um potencial expressivo de expansão.

Com um horizonte de possibilidades e uma trajetória marcada por inovação, tradição e presença cultural, a carne suína consolida-se como uma proteína cada vez mais democrática, presente e valorizada na mesa do brasileiro.

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