A colheita da safra de café 24/25 no Brasil já alcançou 58%, superando a média dos últimos cinco anos para o início de julho. Segundo o relatório da Safras & Mercado divulgado, o progresso é notável tanto para o café arábica quanto para o robusta. O arábica já atingiu 50% da colheita, enquanto o robusta chegou a 76%, ambos acima dos níveis observados no ano anterior e da média histórica.
No entanto, esse avanço na colheita não resultou em queda de preços internos como era esperado. Pelo contrário, os preços têm registrado altas históricas. O Indicador Cepea/Esalq do robusta fechou junho com uma média mensal de R$ 1.214,24 por saca, um novo recorde. O arábica, por sua vez, atingiu R$ 1.349,21 por saca, a maior média desde fevereiro de 2022.
Condições climáticas e incertezas globais
As condições climáticas favoráveis no Brasil, com clima seco nas regiões cafeeiras, têm acelerado a colheita e o processamento dos grãos. Contudo, essas condições também estão alimentando incertezas sobre a oferta futura, especialmente do robusta. “A incerteza da oferta em 24/25, especialmente no lado do robusta, continua a ser o principal suporte para os preços”, explica Laleska Moda, analista de Café da Hedgepoint.
O mercado global também influencia os preços. No Vietnã, por exemplo, a falta de garantias sobre o impacto das chuvas após um período de seca intensa está elevando a demanda pelo robusta brasileiro. “A expectativa de outra temporada de oferta apertada está levando os produtores a segurar seus grãos, impulsionando os preços domésticos no Brasil”, observa Moda.
Além disso, a produção de café na América Central e no México também enfrenta desafios climáticos. A seca prolongada e o início precoce da temporada de furacões aumentam as preocupações com a safra. No México, muitos produtores preveem uma queda na produção, mesmo com o retorno das chuvas em maio.
Preços em alta
Os contratos de café em Nova York e Londres experimentaram correções desde maio, mas os preços externos voltaram a testar máximas recentes. No mercado interno brasileiro, o robusta fechou a semana passada com um preço recorde de R$ 1.288,50 por saca no dia 9 de julho. Essa alta reflete a combinação de uma colheita acelerada e a retenção de grãos pelos produtores, frente à incerteza sobre a oferta global.
“A principal razão pela qual os preços permanecem sustentados, apesar do avanço da colheita no Brasil, continua sendo a incerteza global sobre a temporada 24/25, especialmente em relação à safra de robusta”, ressalta Moda.
Perspectivas e expectativas
Para a safra 24/25, as expectativas são de uma produção próxima aos níveis de 23/24, com o arábica em torno de 45 milhões de sacas e o robusta perto de 22 milhões de sacas. No entanto, possíveis mudanças nas condições climáticas podem alterar essas projeções. “Se o cenário atual não mostrar nenhuma melhora nas próximas semanas, podemos rever nossos números”, pondera Moda.
Outro ponto de atenção será o impacto das condições climáticas extremas nas áreas cafeeiras da América Central e do México, que podem influenciar os preços globais a curto prazo. “Qualquer alteração desta visão sobre a safra 24/25 pode afetar os preços a curto prazo, uma vez que as posições especulativas permanecem elevadas e uma perspectiva mais positiva pode desencadear vendas”, conclui a analista.
Em resumo, a colheita da safra de café 24/25 no Brasil está progredindo mais rápido que nos anos anteriores, com 58% da safra já colhida. No entanto, os preços internos continuam a subir devido à incerteza global sobre a oferta, particularmente do robusta, e às condições climáticas adversas que afetam outras regiões produtoras. Esse cenário complexo exige atenção constante dos produtores e do mercado para ajustar estratégias e expectativas conforme a temporada avança.