Enquanto o mundo busca maneiras de descarbonizar até 2050, o Brasil desponta como um mercado promissor para o hidrogênio verde (H2V). Com uma matriz energética diversificada e rica em fontes renováveis, estima-se que o país possa gerar um faturamento anual de R$ 150 bilhões até 2050, segundo pesquisa da Green Hydrogen Opportunity in Brazil. Nesse contexto, a Alemanha, referência em eficiência energética, enxerga o Brasil como um parceiro estratégico para alcançar suas metas energéticas e climática
O cônsul honorário da Alemanha em Curitiba e diretor da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha (AHK Paraná), Andreas Hoffrichter, destaca a expertise brasileira no setor: “O Brasil tem o know-how e pode dar consultoria para vários projetos, não apenas produzindo energia renovável, mas garantindo eficiência energética mínima de desperdício. Este é um mercado estimado em R$ 150 milhões por ano para exportação.”
Apesar da crise econômica na Alemanha, Hoffrichter acredita que o país europeu se recuperará em 2024, tornando-se um mercado benéfico. “Não há condições melhores no mundo para a produção de energia renovável do que no Brasil. Este é um mercado estimado em R$ 150 milhões por ano para exportação. Tratamos muito sobre a transformação verde na Câmara em 2023 e vamos insistir neste tema este ano, para trazer investimentos da Alemanha para Curitiba.”
A parceria Brasil-Alemanha vai além das discussões teóricas. Um projeto inovador no Paraná já está em andamento, transformando detritos de animais em hidrogênio verde. O estado firmou um acordo de cooperação com Mecklenburg-Vorpommern, região nordeste da Alemanha, para impulsionar a sustentabilidade e as energias renováveis.
Toledo, no Oeste do Paraná, destaca-se como pioneira nessa iniciativa. A cidade, uma das maiores criadoras de frangos e suínos do Brasil, enfrentava o desafio da destinação adequada dos dejetos animais. O projeto de um biodigestor visa coletar esses resíduos de aproximadamente 30 propriedades, transformando-os em biogás e, posteriormente, em hidrogênio verde.
Para Hoffrichter, a iniciativa não apenas atrairá investimentos para o Paraná, mas também resolverá o dilema dos dejetos animais. “Assinamos um contrato de cooperação para fazer um projeto de um biodigestor. Consiste em coletar detritos dos animais, como os frangos e os porcos, de cerca de 30 propriedades, colocar em um sistema de canalização e transformar tudo em biogás. Dele, depois, pode ser feito hidrogênio verde.”
Além de representar uma solução ambientalmente responsável para o destino dos dejetos, o hidrogênio verde gerado pode impulsionar diversas áreas, desde a geração de eletricidade até o uso como combustível para veículos. A parceria Brasil-Alemanha marca o início de uma jornada inovadora em direção a um futuro mais sustentável.