O número de pessoas empregadas no agronegócio brasileiro alcançou um marco inédito em 2024: 28,2 milhões de trabalhadores ocupados, segundo o boletim “Mercado de Trabalho do Agronegócio Brasileiro”, elaborado pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) em parceria com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). Trata-se do maior contingente já registrado desde o início da série histórica, em 2012.
Esse contingente expressivo equivale a 26% de toda a força de trabalho do país no ano passado, revelando a força do agro como motor da economia e como importante canal de empregabilidade em diversas frentes produtivas. O crescimento de 1% em relação a 2023, que representa 278 mil postos a mais, foi sustentado principalmente pelos segmentos de insumos, agroindústria e agrosserviços.
Além do avanço em quantidade, o setor também se destacou pelo ganho de renda dos trabalhadores. Segundo o estudo, os rendimentos no campo cresceram 4,5% em relação ao ano anterior, superando o aumento médio do mercado de trabalho geral, que foi de 4%.
Para a engenheira agrônoma Patricia Cesarino, gerente técnica e especialista em desenvolvimento de soluções agrícolas, os dados comprovam a capacidade de reinvenção do setor. “Ver o agronegócio alcançar a marca de 28,2 milhões de trabalhadores com crescimento simultâneo em ocupação e renda é reflexo de uma cadeia cada vez mais moderna, integrada e eficiente”, analisa.
PERFIL DO NOVO TRABALHADOR DO CAMPO
A modernização no campo se reflete diretamente no perfil dos profissionais. Houve aumento do número de empregados formais e informais, e uma presença crescente de pessoas com nível educacional mais elevado, em linha com a transformação tecnológica e organizacional vivida pelo setor nos últimos anos. Outro destaque é o crescimento da presença feminina, tendência que reforça a diversidade e inclusão no universo agro.
Patrícia, reforça que o ambiente atual demanda cada vez mais qualificação técnica e habilidades alinhadas às novas exigências do mercado. “A maior presença de profissionais qualificados e mulheres no setor revela um agro mais diverso, inclusivo e preparado para os desafios do futuro”, comenta.
A valorização de competências relacionadas à tecnologia, sustentabilidade e gestão de recursos naturais tem sido uma marca dos últimos anos. A chamada “agricultura 4.0” impulsionou a adoção de drones, sensores, softwares de gestão rural, ferramentas de agricultura de precisão e novas práticas sustentáveis, o que, por sua vez, elevou o nível de exigência para as contratações.
OPORTUNIDADES E DESAFIOS NO NOVO CENÁRIO
Para atender a esse novo momento, o campo precisa tanto de profissionais mais capacitados quanto de produtores e gestores que saibam como atraí-los. Investir em processos seletivos bem estruturados, valorizar a qualificação técnica e oferecer ambientes de trabalho motivadores são estratégias essenciais para conquistar e manter talentos no campo.
Além da remuneração, fatores como possibilidades de crescimento, capacitação contínua e boas condições de trabalho se tornaram diferenciais competitivos. Por outro lado, os trabalhadores também enfrentam o desafio de se adaptar a esse novo contexto, buscando formação técnica, domínio de ferramentas digitais e desenvolvimento de soft skills, como proatividade, flexibilidade e trabalho em equipe.
“Hoje a seleção está mais criteriosa. A busca por profissionais que unam conhecimento técnico, visão sistêmica e postura colaborativa é cada vez maior. E o trabalhador também precisa acompanhar essa evolução”, reforça Patricia, ao destacar a necessidade de uma postura ativa dos candidatos em busca de oportunidades no setor.
UM SETOR EM TRANSFORMAÇÃO PERMANENTE
O agronegócio brasileiro continua a se expandir, não apenas em termos econômicos, mas também sociais e estruturais. O crescimento da ocupação, associado ao aumento de renda e à diversidade do perfil profissional, é um indicador claro de um setor em transformação permanente.
O relatório da CNA e do Cepea aponta que a tendência é de continuidade no avanço da qualificação e da profissionalização, com o campo se tornando cada vez mais um espaço de inovação, sustentabilidade e valorização humana.