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MILHO- SAFRA HISTÓRICA

BRASIL ALCANÇA SAFRA RECORDISTA DE MILHO SEGUNDA SAFRA E ELEVA DESAFIOS LOGÍSTICOS EM 2025

Produtividade média nacional atinge 113,8 sacas por hectare; clima favorável, controle fitossanitário eficaz e expansão da área cultivada impulsionam desempenho, mas pressionam armazenagem e exportação do cereal
Equipe técnica do Rally da Safra realiza avaliação de campo em Goiás durante expedição de monitoramento da segunda safra. Foto: Eduardo Monteiro/ Rally da Safra

O Brasil entra para a história da agricultura com a colheita de uma safra recordista de milho segunda safra em 2025. Segundo levantamento do Rally da Safra, coordenado pela Agroconsult, a estimativa de produção atingiu 123,3 milhões de toneladas, número 20,2 milhões de toneladas superior ao ciclo anterior (2023/24), consolidando um avanço histórico para o cereal no país.

O destaque fica para a produtividade média nacional, que alcançou o maior patamar já registrado: 113,8 sacas por hectare. A previsão inicial, no começo do ciclo, era de 105 sacas por hectare, a reavaliação foi motivada por uma combinação de fatores positivos em campo, entre eles, o comportamento climático, a resposta das lavouras tardias e a eficiência no controle de pragas.

“As lavouras precoces apresentaram bom desempenho, como em anos anteriores, mas as lavouras tardias surpreenderam com produtividade inédita, favorecidas por um prolongamento incomum das chuvas”, destaca André Debastiani, coordenador do Rally da Safra e engenheiro agrônomo.

Mesmo com o atraso no início do plantio, as chuvas registradas nos meses de abril, maio e junho garantiram condições ideais para o enchimento dos grãos. A ausência de geadas significativas também contribuiu para manter os níveis elevados de produtividade em diferentes regiões e estágios de cultivo.

Desempenho estadual e expansão da área

Todos os principais estados produtores bateram recordes de produtividade:

Mato Grosso: 131,9 sacas/ha (+11,6% em relação à safra anterior)

Goiás: 126,1 sacas/ha (+5,6%)

Paraná: 106,5 sacas/ha (+16,5%)

Mato Grosso do Sul: 98,1 sacas/ha (+35,1%)

Esse desempenho expressivo também foi sustentado por uma expansão de 5,7% na área plantada, que chegou a 18,1 milhões de hectares, quase um milhão de hectares a mais que na safra passada. O ajuste da estimativa foi possível por meio de tecnologias de monitoramento por satélite, como a plataforma Cropdata, que identificou 1,2 milhão de hectares além dos dados oficiais da Conab.

Condições de campo e controle de pragas

Apesar da redução pontual na população de plantas em regiões como o Oeste e o Sudeste de Mato Grosso, foi observado aumento no número de espigas e grãos por espiga. O controle de pragas, com destaque para a lagarta-do-cartucho — exigiu atenção técnica redobrada, mas obteve sucesso na contenção dos danos.

“Tivemos uma preocupação grande com a incidência de lagartas, mas o manejo foi bem conduzido, e o impacto na produtividade foi baixo”, explica Debastiani.

Produção total e desafios de armazenagem
Somando-se à safra de milho verão (27 milhões de toneladas), a produção total de milho no país deve atingir 150,3 milhões de toneladas em 2025, o maior volume da história. Esse crescimento impõe novos desafios à infraestrutura logística e de armazenagem.

“É provável que parte expressiva do milho fique armazenada a céu aberto, como vimos em safras anteriores. A estrutura atual não comporta todo o volume, e isso pressiona a capacidade logística e a eficiência das exportações”, analisa o coordenador da expedição.

Consumo interno aquecido

Do lado da demanda doméstica, o cenário é promissor. O setor de rações dá sinais de recuperação após os impactos da gripe aviária, e a indústria de etanol de milho continua aquecida. Com isso, a previsão de consumo interno chega a 97 milhões de toneladas.

Exportações em compasso de espera, a previsão de exportação para o segundo semestre é de 44,5 milhões de toneladas, mas o volume final dependerá de fatores externos. A demanda internacional será influenciada por variáveis como:

Resultados das safras dos Estados Unidos e da Argentina

Oscilações nos preços internacionais

Efeitos de conflitos geopolíticos, como a guerra entre Israel e Irã — este último, um dos maiores compradores de milho brasileiro

Ação em campo: levantamento robusto e cobertura nacional

O Rally da Safra percorreu quase 104 mil quilômetros entre maio e junho de 2025, com seis equipes avaliando lavouras nos estados de Mato Grosso, Rondônia, Goiás, Mato Grosso do Sul e Paraná. Ao todo, foram analisadas 608 lavouras de milho em diferentes estágios de desenvolvimento, e mais de 2,2 mil áreas agrícolas ao longo da expedição, que também incluiu a soja. Técnicos e produtores foram visitados em 349 propriedades, somando 124 dias de campo.

As regiões avaliadas concentram 97% da área de soja e 72% da área de milho no país, conferindo robustez estatística aos resultados divulgados.

Etapa inédita: levantamento da safra de algodão
Entre julho e agosto, o Rally da Safra passa a realizar um levantamento inédito sobre o algodão brasileiro, focando nos estados da Bahia e Mato Grosso. A ação busca suprir lacunas de dados técnicos sobre área plantada, produtividade, rastreabilidade, certificações e gargalos logísticos do setor algodoeiro.

“Será um marco na geração de informações qualificadas para o algodão, envolvendo visitas a unidades de beneficiamento e análise detalhada do pós-colheita”, afirma Debastiani.

Além dos encontros com produtores especializados, a etapa incluirá eventos técnicos regionais em Cuiabá (MT) e Luís Eduardo Magalhães (BA). Os resultados serão divulgados em setembro.

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