A batalha contra os parasitas internos nos bovinos pode ser invisível, mas seus impactos não são. Esses intrusos invisíveis minam o desempenho dos animais, causam perdas substanciais e representam um dos desafios cruciais na pecuária. É aí que entra o controle estratégico de parasitas, uma tática fundamental para garantir o bem-estar dos animais e prevenir prejuízos financeiros.
Segundo o médico-veterinário João Paulo Lollato, elaborar um programa de controle estratégico eficaz exige considerar diversos fatores, como a idade do gado, a raça, a suscetibilidade individual, o estado nutricional e o comportamento de pastagem. Além disso, é crucial analisar o ambiente, uma vez que 95% dos parasitas estão no ambiente e não nos animais.
“Não podemos subestimar o ambiente. Topografia, cobertura do solo, clima e pastagem – todos desempenham um papel fundamental na disseminação e concentração dos parasitas”, explica Lollato.
Os parasitas internos, que podem residir nos intestinos, estômago, pulmões e fígado dos bovinos, são um problema contínuo devido ao ciclo evolutivo complexo deles. A infecção ocorre quando os animais ingerem ovos, larvas ou até mesmo por penetração através da pele.
Aproveitando o inverno para a ação
O inverno, marcado por temperaturas mais baixas e menor umidade, cria um ambiente desfavorável para os parasitas. Isso torna a estação ideal para a vermifugação, que ajuda a controlar a infestação. De acordo com Lollato, no inverno, os parasitas estão mais concentrados nos animais, tornando a época perfeita para o tratamento. Já na época de chuvas, o foco é nos produtos de ação prolongada, que mantêm os animais protegidos por mais tempo.
Prevenção inteligente
Os parasitas podem causar prejuízos anuais de até US$ 14 bilhões na pecuária mundial. Os animais jovens são especialmente vulneráveis. Para evitar perdas de desempenho e até mortes, o controle estratégico é fundamental.
“O planejamento é essencial. O conceito 5-7-9 da Embrapa, que corresponde aos meses de entrada e saída do inverno e do verão, é amplamente usado. Essa abordagem facilita o controle e ajuda a reduzir os prejuízos”, afirma Lollato.
Segundo o veterinário, o mês 5 (maio), na entrada da estação seca, produtos à base de ivermectina 1% ou 3,15% ou doramectina 1,10% podem ajudar os animais a enfrentar a escassez de pastagens. Nas épocas 7 e 8 (julho ou agosto), com a seca estabelecida, a aplicação de Fosfato de Levamisol concentrado elimina parte da verminose. No mês 9 ou 11 (setembro e novembro), início da estação das águas, a ivermectina ou doramectina 3,15% ajuda os animais a passarem pela estação com menor desafio parasitário.
“O controle estratégico é uma ferramenta prática, eficaz e rentável que, quando usado corretamente, evita perdas e utiliza o clima e o ambiente a favor do controle de parasitas”, conclui o veterinário, João Paulo Lollato.