O Brasil, país de vasta extensão territorial e rica biodiversidade, enfrenta um desafio crescente: o tráfico ilegal de animais silvestres. Um mercado clandestino que movimenta mais de R$ 10 bilhões anualmente e que retira cerca de 38 milhões de espécimes de seus habitats naturais. Conheça os bastidores desse crime ambiental e as medidas urgentes necessárias para combatê-lo.
Territorialmente continental e abençoado com uma das faunas e floras mais diversas do planeta, o Brasil é um dos principais alvos do tráfico ilegal de animais silvestres. A par de outros países como China, Indonésia e Tailândia, o Brasil se destaca como um ponto crítico desse comércio nefasto, alimentando um mercado global que, segundo estimativas da Renctas, gera lucros anuais de US$ 2 bilhões, aproximadamente R$ 10,3 bilhões.
O cerne do problema reside na escassez de fiscalização efetiva, especialmente nas extensas fronteiras e rodovias do país. Estima-se que cerca de 38 milhões de animais silvestres sejam retirados de seus habitats anualmente, alimentando uma cadeia criminosa que se estende desde colecionadores e traficantes locais até compradores internacionais.
Raquel Machado, fundadora e presidente do Instituto Libio, aponta para a lacuna crucial na legislação brasileira, que carece de penas mais severas para os infratores do tráfico de animais silvestres. Embora a Lei de Crimes Ambientais estipule punições, sua eficácia é questionável diante da magnitude do problema.
O Projeto de Lei nº 135/21, atualmente em tramitação na Câmara dos Deputados, propõe ampliar as penalidades para o tráfico de animais, buscando conter a devastação da fauna brasileira. No entanto, medidas mais robustas de fiscalização e cooperação internacional também são urgentemente necessárias.
O contrabando de animais silvestres não se limita às fronteiras terrestres do país. Traficantes recorrem a métodos sofisticados, como transporte aéreo e marítimo, além de explorar a internet como plataforma de vendas. Os animais são frequentemente dissimulados em bagagens, contêineres ou até mesmo enviados pelos Correios.
Para Raquel Machado, a solução requer uma abordagem multifacetada: legislação mais rigorosa, investimentos em fiscalização e conscientização pública. O Instituto Libio, além de resgatar e reabilitar animais vítimas do tráfico, promove a educação ambiental como uma ferramenta essencial na luta contra essa prática criminosa.
Além disso, a colaboração internacional e o incentivo à denúncia são elementos-chave no combate ao tráfico de animais. O público é encorajado a relatar atividades suspeitas às autoridades competentes, garantindo o anonimato e contribuindo para a preservação de nossa biodiversidade.
O tráfico de animais silvestres é mais do que um crime ambiental; é uma ameaça à nossa herança natural e à saúde de nossos ecossistemas. A proteção de nossa fauna exige ação imediata e coordenada, unindo esforços governamentais, ONGs e cidadãos comprometidos com a conservação de nossa riqueza biológica. Denuncie. Proteja. Preserve.
Como denunciar
Para denunciar casos reais ou suspeitos de tráfico de animais:
* Ibama
Telefone: 0800 061 8080 (“Linha Verde” gratuita, de segunda a sexta-feira, das 7 às 19 horas)
Site: www.ibama.gov.br/fale-conosco
* Disque-Denúncia: Pelo número 181, a pessoa pode fazer uma denúncia de forma anônima, mantendo sua identidade em sigilo.