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MEIO AMBIENTE

Alerta no Cerrado: Tocantins e Maranhão lideram desmatamento em maio, representando 60% do total

Dados alarmantes revelam perda de 118,7 mil hectares no bioma, acumulando 376 mil hectares em 2023
Foto: Divulgação Freepik

Uma preocupante notícia desperta atenção para a situação do Cerrado brasileiro. Segundo dados divulgados pelo SAD Cerrado (Sistema de Alerta de Desmatamento do Cerrado), Tocantins e Maranhão foram responsáveis por 60% de todo o desmatamento ocorrido no bioma em maio de 2023, totalizando aproximadamente 70 mil hectares perdidos.

O Maranhão liderou o desmatamento no mês, registrando 37,5 mil hectares desmatados, um aumento de 71,3% em relação ao ano anterior. Em seguida, o Tocantins ocupou a segunda posição, com um crescimento de 52,7%, resultando em 32,4 mil hectares desmatados.

O desmatamento no Cerrado atingiu a marca de 118 mil hectares em maio, representando um aumento de 35,2% em comparação ao mesmo período de 2022, quando foram desmatados 87,7 mil hectares. Esse valor é o mais alto registrado nos últimos dois anos pelo sistema de monitoramento.

A preocupação se intensifica ao considerar que, nos primeiros cinco meses de 2023, o desmatamento acumulado já chega a 376 mil hectares, uma área 2,5 vezes maior que a cidade de São Paulo. Esse número representa um aumento de 35% em relação ao mesmo período do ano anterior, quando 278 mil hectares foram perdidos.

Fernanda Ribeiro, pesquisadora do IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia), destaca a importância de políticas públicas efetivas no combate ao desmatamento, especialmente antes do período de atividade intensa no calendário agrícola: “O aumento do desmatamento no bioma Cerrado durante a época seca não é novidade. Essa é uma época bastante favorável para as atividades agropecuárias que, juntamente com uma menor cobertura de nuvens nas imagens de satélite, normalmente resulta em um aumento da detecção do desmatamento nessa época do ano. Apesar desse aumento ser esperado, esse mês de maio teve a maior área desmatada desde 2021. Isso é bastante preocupante, pois indica que esse aumento pode ser ainda maior nos próximos meses da estação seca”.

Além de Tocantins e Maranhão, outros estados do Matopiba também apresentaram aumento nas taxas de desmatamento. A Bahia, terceira colocada no ranking, registrou o desmatamento de 14,5 mil hectares de Cerrado, um aumento de 39,4% em relação ao ano anterior. No Piauí, foram perdidos 13,7 mil hectares de vegetação nativa, um aumento alarmante de 73,3%.

Os municípios do oeste baiano, anteriormente líderes do desmatamento no Cerrado, foram ultrapassados por Balsas, no sul do Maranhão, que se tornou o município mais desmatado da região, com 5,4 mil hectares desmatados, um aumento de 71,5% em relação a 2022. O município de Mirador, também no Maranhão, ocupa agora a terceira posição no ranking, com 3 mil hectares desmatados, um aumento de 298% em relação ao ano anterior.

Com os resultados, a lista dos 10 maiores desmatadores de maio é dominada por municípios do Maranhão, com metade das posições ocupadas. Ao todo, os municípios maranhenses de Balsas, Mirador, Caxias, Carolina e Riachão responderam por 13,5 mil hectares de desmatamento. São Desidério, representante da Bahia e antigo líder do ranking, ocupou a segunda posição, com 3,6 mil hectares desmatados em maio de 2023, um aumento de 121,4% em relação ao ano anterior.

No que diz respeito ao perfil do desmatamento, 86,7% de toda a área desmatada no bioma estava localizada em propriedades privadas registradas no CAR (Cadastro Ambiental Rural). O restante ocorreu em áreas sem definição de categoria fundiária (6,8%), assentamentos (4%) e áreas protegidas (2,3%). Na Bahia, o desmatamento em áreas privadas alcançou a marca de 94,3%, concentrando-se principalmente na região oeste do estado.

Adicionalmente, 71,7% de todo o desmatamento observado no Cerrado ocorreu em formações savânicas, uma das formações mais biodiversas do bioma. As áreas de florestas corresponderam a 15,3% do desmatamento, enquanto as formações campestres representaram 13%. No Tocantins, as formações savânicas concentraram 77% de todo o desmatamento.

Esses números reforçam a necessidade urgente de políticas públicas abrangentes e ações concretas para a conservação de todas as formas de vegetação do Cerrado. O novo Código Florestal, em vigor desde 2012, protege apenas 20% a 35% da vegetação nativa no Cerrado, enquanto na Amazônia o percentual chega a 80%. Tarsila Andrade, pesquisadora do IPAM, destaca: “Por isso a importância de se estabelecer outras políticas para além das públicas que fomentem a conservação de todos os tipos de vegetação do Cerrado”. A situação atual exige atenção e esforços coletivos para evitar danos irreparáveis ao bioma Cerrado, tão essencial para a biodiversidade e o equilíbrio ambiental.

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