O Sistema Brasileiro de Agrorrastreabilidade (Sibraar) está avançando para o mercado global graças a uma parceria estratégica com a Associação Brasileira de Automação-GS1 Brasil. O sistema, desenvolvido pela equipe da Embrapa Agricultura Digital, utiliza a tecnologia blockchain para rastrear produtos agroindustriais e agora atende aos padrões globais de identificação, proporcionando informações confiáveis sobre a qualidade e origem dos produtos.
Exportações com confiança
O Sibraar já permitia o acesso a informações seguras e auditáveis sobre os produtos, desde a sua origem nas propriedades rurais até as etapas de processamento, distribuição e comercialização, tudo através de QR Codes. Agora, com sua interoperabilidade internacional, o sistema agrega ainda mais valor àqueles que o adotam. Ele também está apto a integrar empresas e tecnologias de rastreabilidade que já operam no mercado.
Renata Miranda, secretária de Inovação, Desenvolvimento Sustentável, Irrigação e Cooperativismo do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), destacou o papel do Sibraar em proteger os produtores e diferenciar os produtos agropecuários brasileiros em mercados competitivos. “A partir do Sibraar, teremos mecanismos para comprovar a origem e a alta qualidade dos produtos agropecuários brasileiros”, afirmou ela.
Inovação agrodigital
O Sibraar não é apenas uma inovação tecnológica, mas também uma vantagem competitiva para o Brasil no mercado internacional. A transparência proporcionada pela rastreabilidade aumenta a reputação positiva dos produtos, uma qualidade cada vez mais valorizada pelos consumidores.
Virginia Vaamonde, CEO da Associação Brasileira de Automação-GS1 Brasil, enfatizou a importância da rastreabilidade agroindustrial como um investimento. Ela acredita que a parceria com a Embrapa solidifica a presença da GS1 no setor, ao reconhecer a relevância da agroindústria no abastecimento interno e nas exportações do país.
A tecnologia por trás do sibraar
O Sibraar foi desenvolvido com uma arquitetura de blockchain que garante a segurança e integridade das informações, através de assinaturas digitais que são automaticamente registradas em uma cadeia de blocos. No entanto, para operar internacionalmente, era necessário adaptar o sistema aos padrões globais.
A parceria com a Associação Brasileira de Automação-GS1 Brasil resolveu esse problema, ao trazer ao mercado brasileiro uma padronização de estrutura de URL, conhecida como GS1 Digital Link, que é aceita internacionalmente. Isso permite que o Sibraar seja utilizado em todas as cadeias do agro, desde alimentos processados até produtos frescos, carnes e setor de foodservice.
Mercados internacionais em foco
A União Europeia (UE) é um dos principais destinos das exportações brasileiras, e a recente “lei anti-desmatamento” aprovada pelo bloco tornou a rastreabilidade uma prioridade. Produtos originados de áreas desmatadas foram vetados, tornando essencial a comprovação da origem e qualidade dos produtos brasileiros.
O Sibraar, agora com padrão internacional, se torna uma ferramenta essencial para responder a mercados mais exigentes, proporcionando flexibilidade de aplicação em diversas cadeias produtivas. A adoção dessa tecnologia também pode reduzir as perdas no setor agroindustrial, melhorar a gestão da produção e garantir a qualidade dos alimentos.
Rastreabilidade no mundo cotidiano
A rastreabilidade não é apenas uma necessidade para o mercado internacional, mas também atende às demandas dos consumidores por informações transparentes sobre a origem e qualidade dos produtos. O uso de QR Codes para acessar informações sobre os produtos, como composição, alergênicos e validade, está se tornando uma prática comum no dia a dia das famílias.
O mercado global de rastreabilidade de alimentos está em crescimento, movimentando bilhões de dólares. Além de atender às regulamentações e às demandas dos consumidores, a rastreabilidade também melhora a relação com fornecedores, reduzindo problemas relacionados a inconsistências no cadastro de produtos.
A inovação começou com açúcar mascavo
O primeiro produto a ser rastreado com a tecnologia blockchain do Sibraar foi o açúcar mascavo, produzido pela Usina Granelli. O sucesso interno desse projeto abriu portas para o mercado internacional, com vendas de 100% da produção e a abertura de mais de 300 clientes para a empresa.
A rastreabilidade não apenas melhora a relação com os mercados e consumidores, mas também ajuda na rápida identificação de problemas na conformidade dos produtos, beneficiando toda a cadeia de produção.
O desenvolvimento do projeto piloto do Sibraar com o açúcar mascavo da Granelli contou com o apoio da Cooperativa dos Plantadores de Cana do Estado de São Paulo (Coplacana). Este é apenas o começo de uma revolução na rastreabilidade do agronegócio brasileiro, com o Sibraar liderando o caminho.