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SEGURANÇA ALIMENTAR

A FORÇA INVISÍVEL QUE GARANTE O ALIMENTO NA SUA MESA

Veterinários são protagonistas na segurança dos produtos de origem animal e na proteção da saúde pública
Profissional em campo com rebanho, bem-estar animal é um dos pilares da saúde pública. Foto: Divulgação.

A carne que chega ao prato, o copo de leite no café da manhã ou o queijo servido em família têm um elo comum: todos esses alimentos passaram, de alguma forma, pelas mãos de um médico-veterinário. Longe de se limitar ao cuidado com animais de estimação, esses profissionais desempenham uma função estratégica em toda a cadeia produtiva dos alimentos de origem animal, desde a criação dos rebanhos até o consumo final.

A médica-veterinária Dúnia Ibrahim Campos, especialista em Tecnologia e Inspeção de Produtos de Origem Animal, mestre em Produção Animal e doutora em Clínica Médica e Epidemiologia, explica que a presença desse profissional é decisiva para proteger a saúde pública. “Na produção, somos responsáveis pela saúde dos rebanhos, elaborando programas de vacinação, controlando doenças, promovendo o bem-estar animal e garantindo práticas sanitárias adequadas. Isso evita a transmissão de zoonoses e assegura a qualidade de carnes, leites e derivados”, destaca.

Inspeção que salva vidas

O trabalho veterinário vai muito além do cuidado com o animal. É na inspeção que a vida do consumidor é diretamente protegida. Antes e depois do abate, os veterinários realizam exames rigorosos, identificando alterações sanitárias e impedindo que produtos impróprios cheguem ao mercado.
Segundo Dúnia Campos, “a análise técnica garante que apenas alimentos seguros sejam comercializados”.

Ela lembra ainda que a fiscalização é outro eixo essencial da atuação. Profissionais atuam em órgãos públicos, vistoriando estabelecimentos, coletando amostras para análises laboratoriais e combatendo práticas irregulares, como o abate clandestino.

Os riscos da ausência de fiscalização

Sem a presença de médicos-veterinários na inspeção de produtos de origem animal, a saúde pública fica vulnerável. A especialista alerta para contaminações microbiológicas por agentes como Salmonella, Escherichia coli e Listeria monocytogenes, capazes de provocar desde diarreias severas até complicações neurológicas.

Outro risco grave são os resíduos químicos e farmacológicos. “O uso inadequado de medicamentos, hormônios e agrotóxicos pode deixar resíduos nos alimentos. Sem a devida inspeção, eles não são detectados, causando impactos a longo prazo, como resistência antimicrobiana, distúrbios hormonais e alergias”, detalha.

Além disso, a ausência de fiscalização abre brechas para doenças zoonóticas como tuberculose, brucelose e cisticercose, bem como para fraudes alimentares e condições higiênico-sanitárias precárias, colocando em risco direto a população.

Abate clandestino: Um desafio constante

O abate clandestino ainda é um problema enfrentado em diversas regiões do país. O papel do médico-veterinário é central no combate a essa prática. Eles conduzem inspeções ante e post mortem, verificam rastreabilidade, fiscalizam frigoríficos, laticínios e granjas, além de participarem de operações conjuntas com órgãos de segurança.

Outro pilar é a conscientização da sociedade. Campanhas educativas orientam sobre os riscos de consumir produtos sem inspeção e a importância de optar por alimentos com selos oficiais de fiscalização, como SIF, SIE e SIM.

Desafios em regiões remotas

Apesar da importância, a fiscalização veterinária enfrenta obstáculos, sobretudo em áreas afastadas. A falta de profissionais em municípios menores sobrecarrega os que estão na ativa. A carência de infraestrutura, laboratórios e veículos adequados limita a atuação.

“Em algumas regiões, a logística precária compromete o trabalho, e há ainda a pressão sobre os profissionais que enfrentam riscos ao fiscalizar redes clandestinas. Outro ponto crítico é a legislação defasada, que dificulta a ação eficaz”, afirma Dúnia Campos.

Saúde Única: integração entre animal, humano e meio ambiente

O conceito de Saúde Única (One Health) reforça a dimensão da atuação veterinária. Para Dúnia, “o médico-veterinário não cuida apenas da saúde animal, mas conecta também a saúde das pessoas e do meio ambiente”.

A abordagem inclui prevenção de zoonoses, garantia da segurança alimentar, controle da resistência antimicrobiana, proteção ambiental e vigilância epidemiológica de surtos com potencial pandêmico.

Em cada litro de leite, em cada corte de carne ou em cada ovo que chega à mesa, há a marca silenciosa do trabalho veterinário. Esses profissionais são a linha de frente contra riscos invisíveis, guardiões da saúde pública e protagonistas da segurança alimentar. Sua presença garante que a população tenha acesso a alimentos seguros, de qualidade e livres de ameaças sanitárias.

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