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TENDENCIA NO CAMPO

ECONOMIA COLABORATIVA AVANÇA NO CAMPO E SERVIÇOS DE MÁQUINAS GANHAM ESPAÇO ENTRE PRODUTORES

Compartilhamento de equipamentos, contratação de operações mecanizadas e uso crescente de drones apontam para um novo modelo de gestão no agronegócio brasileiro, que busca eficiência diante de crédito caro e burocrático.
Compartilhamento de máquinas entre vizinhos e cooperativas se fortalece como estratégia para reduzir custos e otimizar recursos.

A mecanização agrícola no Brasil vive uma fase marcada por novas formas de acesso às máquinas e à tecnologia. Se antes a compra direta era praticamente a única alternativa, hoje o campo adota modelos de economia colaborativa e prestação de serviços especializados de maneira cada vez mais ampla. É o que indica o Panorama Setorial Agrícola 2025, Decifrando o Cenário de Máquinas no Brasil, estudo realizado por uma consultoria de inteligência de mercado voltada ao agronegócio.

Segundo a pesquisa, 38% dos produtores rurais já contratam colheitadeiras com operador, enquanto 18% utilizam serviços terceirizados de pulverização e 11% recorrem ao aluguel de tratores com operador. Esses números revelam uma mudança estrutural no modo de planejar a produção e gerir custos, especialmente em cenários em que o acesso ao crédito está limitado por juros elevados e burocracia prolongada.

Luís Vinha, sócio-diretor da consultoria responsável pelo estudo, explica que essa tendência se aproxima de modelos já consolidados em outros setores da economia.

“O produtor busca eficiência sem comprometer o fluxo de caixa. Muitas vezes, a contratação de serviços mecanizados, o compartilhamento de equipamentos entre vizinhos ou a utilização de cooperativas torna o processo mais equilibrado. Essa realidade, observada na pesquisa, ajuda a compreender melhor a mecanização no campo brasileiro”, afirma.

Serviços que crescem

Entre as modalidades identificadas, a contratação de colheitadeiras com operador se destaca como a prática mais recorrente. Os modelos de cobrança variam conforme região, cultura, complexidade da operação e tempo de uso. Há casos em que o produtor destina cerca de 5% do valor da colheita ao serviço e situações em que o pagamento é calculado por área trabalhada, alcançando aproximadamente R$ 450 por hectare.

Além dos contratos formais, o estudo registrou práticas de trocas de serviços entre vizinhos e compartilhamento de máquinas, estratégias que permitem reduzir custos, aumentar o aproveitamento dos equipamentos e evitar ociosidade. Entretanto, essas soluções podem limitar a disponibilidade imediata, o que exige planejamento da operação.

Drones entram na rotina das lavouras

A pesquisa mostra também que os drones de pulverização começam a ganhar espaço como alternativa tecnológica. A oferta de serviços especializados cresce em feiras e treinamentos, e cooperativas passaram a disponibilizar operações com drones para seus associados, democratizando o acesso à tecnologia, principalmente entre pequenos e médios produtores.

A adoção dos drones é vista com interesse por causa da precisão na aplicação, redução de desperdícios e possibilidade de operação em áreas onde máquinas convencionais apresentam dificuldade, como terrenos irregulares ou com limitações de tráfego.

Informação como guia de compra

Embora 62% dos agricultores pretendam adquirir novas máquinas nos próximos anos, a decisão não depende mais exclusivamente da relação com fabricantes ou revendedores.
O estudo aponta que 70% dos produtores tendem a manter a mesma marca na hora de comprar, mas a decisão é cada vez mais influenciada por informações coletadas em redes sociais, experiências trocadas entre produtores, conteúdos técnicos na internet e visitas a feiras.

Os critérios considerados mais importantes variam conforme a máquina:

*Tratores: desempenho e disponibilidade de peças.

*Colheitadeiras: desempenho e custo de aquisição.

*Pulverizadores e colhedoras de cana: desempenho e tecnologia embarcada.

*Financiamento segue como obstáculo

Apesar da intenção de compra ser elevada, o acesso ao crédito ainda é um dos principais desafios. A pesquisa mostra que 58,6% dos produtores utilizam recursos próprios como entrada, complementando o valor por meio de financiamentos públicos ou privados, ambos impactados por juros altos e exigências burocráticas.

Para Vinha, esse contexto reforça a relevância da economia colaborativa no campo:

“A mecanização agrícola já não se resume à compra direta de máquinas. A prestação de serviços especializados e o compartilhamento representam alternativas sólidas e crescentes em busca de eficiência operacional”, destaca.

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